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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Vale: não há intervenção, havia é usurpação




no Tijolaço


Meu avô usava uma palavra que, quando eu era mais jovem, não compreendia muito bem: usurpador.
O usurpador é aquele que se apodera de algo, em proveito próprio, de forma indevida.
Foi essa palavra que me veio à mente, agora, lendo a matéria da Folha de S. Paulo, onde se diz que Dilma “vetou” uma decisão unilateral do Bradesco sobre quem deveria ser o novo presidente da Vale.
Ora, o Bradesco decidir quem deve ser o presidente da Vale, como fez, ao longo de dez anos em que o sr. Agnelli dirigir a mineradora se encaixa perfeitamente à palavra que o velho Briza usava.
Pois trata-se de uma usurpação.
A Vale é controlada por uma associação de acionistas, a Valepar, que tem 53,5% do capital votante.
Na Valepar, os fundos de pensão públicos e o BNDES (via BNDESPAR) têm 60,5% dos votos. Três quintos, portanto. O Bradesco, via Bradespar, 21%. Um quinto.
Que diabo de “lógica” é essa em que um acionista que têm um quinto do capital deve decidir unilateralmente quem vai dirigir a empresa e o sócio que tem três quintos deve apenas dizer “amém”?
Mesmo o acordo de acionistas – lesivo ao Estado – que prevê que a escolha do presidente e da diretoria deva ser feito por pelo menos dois terços do capital, em nenhum momento esse direito é preferencial ao Bradesco.
Portanto, o que o Governo fez não foi uma intervenção, foi cumprir sua obrigação, como acionista direto e indireto da Vale, de negociar uma solução coerente com o interesse nacional, como é seu dever.
O Bradesco indicar, de novo, sozinho o comando da empresa é que seria uma usurpação.

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