Informações disponíveis são de pessoas tratadas por hospitais ligados à Secretaria Municipal de Saúde paulistana
Nome completo, idade e doença, além do tipo de tratamento feito, podem ser acessados em sistemas de busca
TALITA BEDINELLI na FSP
Dados pessoais e sigilosos de pacientes tratados em hospitais ligados à Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo foram disponibilizados na internet, para quem quiser ver.
São informações como nome completo, idade, doença e tipo de tratamento feito.
É possível chegar às informações apenas digitando os nomes dos pacientes em sites de busca, como o Google.
Exemplo: na busca por João da Silva (nome fictício de paciente), sabe-se o nome da mãe dele, sua data de nascimento e o período em que ele ficou internado devido a um câncer de próstata.
Ao colocar no site de buscas o nome de Maria Santos (também fictício) é possível verificar que ela foi internada para se tratar de queimaduras múltiplas do quadril e de membros inferiores.
O nome das doenças e o tipo de tratamento não aparecem de forma explícita, mas por meio de um código da CID (Classificação Internacional de Doenças).
Também basta digitar o código na internet para descobrir a doença do paciente.
HOSPITAIS
Os dados sigilosos são de ao menos três hospitais. Dois deles são da prefeitura: do M'Boi Mirim (zona sul) e do Tatuapé (zona leste).
O terceiro é o IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer), que é particular, mas também atende via SUS (Sistema Único de Saúde).
Neste caso, apenas os dados dos atendimentos SUS foram colocados na internet.
As informações dos três hospitais estão na extranet (rede) da secretaria em guias de autorização de pagamento deste ano e de 2010.
É por meio da extranet que os hospitais colocam à disposição as informações detalhadas dos atendimentos para que o órgão faça o pagamento devido.
A troca de informações, no entanto, deveria ficar restrita ao hospital e à secretaria.
A disponibilização desses dados na internet fere a ética médica e é crime previsto no Código Penal, diz Reinaldo Ayer, professor de bioética da USP e coordenador da Câmara Técnica de Bioética do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP).
"Ninguém poderia ter acesso a essas informações dos pacientes. Isso é invasão de privacidade. O médico e o hospital não podem divulgar isso", afirma ele.
"O sigilo é uma proteção para o paciente. E é fundamental para a construção de uma relação médico-paciente consistente", ressalta.
Segundo ele, o fato, além de gerar constrangimentos para pacientes, pode inibi-los a procurar esses hospitais em uma próxima vez, prejudicando o acesso à saúde.
Os dados foram tirados do ar, depois que a reportagem procurou a secretaria.
HOSPITAL PARTICULAR
Também é possível achar na internet informações de pacientes do hospital Samaritano. Os dados, de 2006, revelam nome das pessoas e de médicos que as atenderam.
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