"A população de Curitiba precisa saber se a viagem e a estadia da esposa de Derosso foram pagas com dinheiro público da Câmara ou da prefeitura", afirma Dr. Rosinha, que irá sugerir uma investigação à vereadora Professora Josete (PT)
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A jornalista e empresária Cláudia Queiroz Guedes, esposa do presidente da Câmara Municipal de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB), integrou em abril de 2009 uma comitiva do então prefeito Beto Richa (PSDB), durante uma viagem oficial realizada aos Estados Unidos.
A informação foi obtida pelo deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), que teve acesso a uma reportagem do jornal "Nossa Gente", sediado em Orlando (EUA) e direcionado a imigrantes brasileiros.
Na época, a empresa Oficina da Notícia, de propriedade de Cláudia Queiroz Guedes, já prestava serviços de publicidade para a Câmara de Curitiba.
"A população de Curitiba precisa saber se a viagem e a estadia da esposa de Derosso foram pagas com dinheiro público da Câmara ou da prefeitura", afirma Dr. Rosinha. "Vou sugerir à vereadora Professora Josete que solicite todos os detalhes sobre a comitiva levada por Beto Richa naquela ocasião, inclusive os comprovantes de pagamento das despesas."
Numa das fotos publicadas pelo jornal norte-americano, escrito em língua portuguesa, Cláudia aparece ao lado do próprio Derosso, de Beto Richa e da então primeira-dama de Curitiba) Fernanda Richa, entre outros auxiliares da Prefeitura de Curitiba.
As duas principais manchetes da página são "Prefeito de Curitiba faz visita oficial à Flórida" e "CFBACC [Câmara de Comércio Brasileiro-Americana da Flórida Central] oferece coquetel a Beto Richa e comitiva".
"Qual o papel da proprietária de uma empresa que presta serviços à Câmara de Curitiba numa viagem oficial do prefeito?", questiona Dr. Rosinha.
A licitação vencida pela Oficina da Notícia é alvo de investigação da Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público. Em 2006, durante a fase inicial do processo licitatório, Cláudia era funcionária da Câmara, o que, conforme a Lei de Licitações, a impediria de participar da concorrência. A empresa dela recebeu R$ 5,1 milhões da Câmara.
Após o primeiro contrato, firmado em maio de 2006, Derosso assinou dois aditivos com a Oficina da Notícia, em 2008 e 2009, também nos meses de maio.
Além do Ministério Público, também investigam o escândalo o Tribunal de Contas do Paraná e o Conselho de Ética da Câmara de Curitiba. Um requerimento para a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) tem nove adesões entre os vereadores –quatro a menos do que as 13 necessárias para dar início às investigações.
Na última semana, Dr. Rosinha revelou que parte dos gastos milionários da Câmara de Curitiba serviram para publicar anúncios com promoção pessoal de vereadores e publicidade eleitoral irregular, nas três últimas eleições municipais.
Ao longo dos últimos cinco anos, o Legislativo municipal gastou R$ 31,9 millhões às empresas Oficina da Notícia e Visão Publicidade. "Como já demonstramos que esses gastos acontecem pelo menos desde 1999, o total do rombo deve superar os R$ 60 milhões ao longo toda a última década", estima Dr. Rosinha.
Outras denúncias
Derosso também contratou uma cunhada, Renata Queiroz Gonçalves dos Santos, irmã de Cláudia, entre os meses de janeiro e abril deste ano, o que configura nepotismo, prática que contraria a súmula do STF que, desde agosto de 2008, proíbe a contração de familiares até 3º grau em todas as instâncias do poder público.
O tucano é investigado ainda por ter contratado servidores fantasmas da Assembleia Legislativa do Paraná, os mesmos envolvidos com o escândalo dos "Diários Secretos".
Atualmente, a esposa e a sogra de Derosso encontram-se nomeadas em cargos comissionados na Prefeitura de Curitiba e no governo do Paraná, respectivamente.
Beto Richa nomeou Cláudia Queiroz Guedes na TV Educativa do Paraná. Já o prefeito Luciano Ducci (PSB) nomeou a mãe dela, Noêmia Queiroz Gonçalves dos Santos, na secretaria municipal de Governo.
"Até o momento não consta que Beto Richa ou Luciano Ducci tenham sido sequer questionados a respeito desse nepotismo cruzado que é flagrante", observa Rosinha. "E o que é mais absurdo é o fato de que as duas já haviam sido nomeadas, simultaneamente, em cargos de confiança do próprio Derosso, na Câmara de Curitiba."
Fac-símile da página 15 do jornal 'Nossa Gente'
(edição de abril/maio 2009)
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