Passarinho!
A primeira palavra que escrevi corretamente aos 06 anos de idade.
A poesia contida, o revolto vôo na arte, na política. A filosofia, a natureza e os filhos. Flores, vinho, embriaguez. Os amigos e as árvores banhadas por sóis impressionistas.
Pássaros, muitos pássaros. Em todas as cores e asas, formas e vôos. Os gigantes, os imperceptíveis, os de vôos rasantes sobre paisagens.
Os de NÃO ossos ocos. Os de somente: penas das penas do mundo. Mas principalmente, os que tem bicos compridos, largos, bicantes e agressivos. Os que voam em V.
Esses... São os imprescindíveis... Necessários! Para nos acordar à realidade, tão somente.
Pássaros! Todos! Vinde a nós! Os de penas. E os de misericórdias!
Os pretos, eternamente em luto. Os que lutam. Os que roubam espigas amarelas na fome, dos bicos em dentes!
E, por isso, caçados por espantalhos de mentes.
Mas EU? Em pássaros me abro em asas. Amo-os a todos. Os de Hitchcock, também.
Mas especialmente os que atrevidamente, fazem ninhos em minha cabeça de palha. Amarela por sóis! E cinza pelo tempo!
Pássaros que passam... e em ninhos emaranhados descem pelos cabelos, chegam na face de cera, escorregam pela boca, seguem pela garganta, e a fio por fio, como cabelos em voz, em fio...Navalham! Cortam e ferem, sangram doentes, cancerígenos!
No contido grito... o eu inteiro o eu em passarinho!
Mariusi/inverno 2011
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