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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O povo que vá comer brioches na casa do Carvalho!

Por TIAGO OLIVEIRA
Embarquei no micro-ônibus da linha Executivo-Aeroporto ontem e tive a grata porém passageira surpresa de constatar que há sinal de internet gratuita disponível aos VIPs usuários desse meio de transporte. Curitiba anda mesmo podre de chique, pensei, como devem pensar os turistas, que podem enfiar suas cabeças e direcionar seus pensamentos para coisas mais importantes no smartphone ou no laptop que enxergar as favelas no trajeto até o aeroporto Afonso Pena em São José dos Pinhais. Desde a Vila das Torres, que no meu tempo era chamada de Vila Pinto, até as cavas do Iguaçu no bairro do Boqueirão.
Podem me chamar de azedo e chato, que não ligo. De ranzinza. Tudo bem, já tenho idade para isso. Mas não teve como curtir o “Wi-Fi” do busão chique e seu conceito modernoso de serviço sem associar ao crime até hoje insolúvel do assassinato da menina Raquel Genofre. Insolúvel justamente pela falta de uma única e simples câmera para monitorar o trânsito frenético de tudo quanto é tipo de gente na rodoferroviária de Curitiba. A mesma rodoferroviária que figura como cartão-postal da capital do Paraná no roteiro da “jardineira” da Linha Turismo, por sua arquitetura e blá-blá-blá… Não dá pra entender essas cabeças administrativas!
As câmeras que sobram na vigilância do jacaré do Parque Barigui e que deveriam servir para inibir as abordagens de meliantes aos nobres freqüentadores do parque, deixaram a desejar na identificação do assassino da menina Raquel. Não a protegeriam para evitar a barbaridade, mas já poderiam ajudar a colocar atrás das grades um bandido que até hoje pode estar repetindo suas atrocidades contra tantas outras crianças. Passam longe dos pontos de maior criminalidade na calada da noite ou à luz do dia. Porque o conceito de proteção da administração da cidade é seletivo. Não teve como não lembrar que (de novo) no Parque Barigui e (de novo) o turista pode usufruir de internet gratuita quando participa de conferências e eventos realizados por lá. Sai daqui com uma impressão maravilhosa. E deixa o povo nativo desesperado para saber como vai se defender, contando apenas com os próprios e escassos recursos à disposição da sua sobrevivência.
Pois é! Essa é a nossa Curitiba querida, cidade abençoada por Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Com suas prioridades e valores, com suas distâncias medidas em eras geológicas entre uma realidade e outra, entre um bairro e outro, entre um salário e outro, entre uma pessoa e outra. Vai na contramão dos valores e prioridades da inclusão social promovida pelo governo federal. Essa gestão local – e por que não estender a perspectiva também ao governo do estado? -, nas mãos do mesmo grupo político, esgotou a capacidade de investimento dos cofres públicos da cidade com esse conceito seletivo de obras e de priorização. Agora, direciona os recursos que existem para ações que beneficiam poucos, mas aparecem, em detrimento dos muitos que se calam e que são mais suscetíveis aos apelos publicitários. No final das contas, a propaganda e os veículos de comunicação estão no primeiro lugar da fila de beneficiários desse modo tucano e pseudo-tucano (o PSB local) de governar. O povo que vá comer brioches na casa do Carvalho!

Um comentário:

  1. Que é isso meu amigo, na minha casa não que sou somente quase aposentado! Manda comer na casa do prefeito ou do presidente da câmara. Eles estão com a bufunfa da Propaganda, eu não!!! Fica meu protesto e meu apoio.
    Joel Bento CARVALHO

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