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domingo, 18 de setembro de 2011

No Brasil, 1.600 grávidas morrem por ano; 90% por causas evitáveis


País terá de reduzir de 75 para 35 óbitos por 100 mil nascidos vivos até 2015

Karine Rodrigues karine.rodrigues@oglobo.com.br

Gravidez, em essência, é vida. Mas, no Brasil, dados do Ministério da Saúdeindicam que, anualmente, cerca de 1.600 mulheres morrem no período entre a gestação e seis semanas após o parto, por complicações decorrentes ou agravadas pelo estado reprodutivo. Tão chocante quanto esta inversão de eventos é saber que mais de 90% dos óbitos são evitáveis, causados, por exemplo, por tratamento inadequado e negligência.

A taxa mais recente de mortalidade materna no país, segundo o ministério, é de 2007 e aponta 75 óbitos por 100 mil nascidos vivos. É alta, de acordo com a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas a realidade é ainda mais dramática, já que a notificação das mortes, embora obrigatória, não é plenamente confiável.

Além de estar muito distante de alcançar, em 2015, a meta de 35 óbitos por 100 mil nascidos vivos, que faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio acordados com a Organização das Nações Unidas, mês passado, o organismo internacional condenou o governo por violar os direitos humanos de Alyne Pimentel. Ela morreu em 2002, no Rio, após aguardar por 14 horas a retirada da placenta, em uma unidade conveniada ao SUS.

O drama de Alyne tem eco. Em 20 de agosto, em Barreiros (PE), Marcela da Silva, de 21 anos, entrou em trabalho de parto e só foi atendida 18 horas após chegar ao hospital público. Ela e o bebê morreram. No mesmo dia, em Tangará da Serra (MT), Bianca da Costa, de 32 anos, tentou atendimento. Morreu com quatro meses de gravidez. Em 5 de julho, Joseane da Silva, de 24 anos, com 8 consultas de pré-natal, foi internada na Maternidade Carmela Dutra, do município do Rio. O bebê nasceu três dias depois. No dia seguinte, ela morreu.

- O médico disse que tentou transferência para outro hospital, mas ela melhorou e ele desistiu - conta Renato de Souza, marido de Joseane.

Joseane sofreu uma parada cardíaca por volta da meia-noite. Na madrugada, sofreu mais duas paradas. No prontuário, solicita-se a transferência para um hospital com UTI, mas ela ficou no Carmela Dutra. E morreu.

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