O Brasil atingiu a marca de 1 trilhão de reais arrecadados em impostos neste ano a tantas horas, tantos minutos e tantos segundos (ainda não chegaram aos décimos de segundo) do dia (este eu sei!) 13 de setembro. Essa grandeza (um trilhão) é daquelas que não se conhece no cotidiano, de que raramente se tem notícia. Isso aprofunda o impacto da notícia, se é que se trata verdadeiramente de uma notícia.
A condenação dos impostos é hoje uma daquelas unanimidades estranhas: quem é contra manifesta essa posição com estridência, quem é a favor se cala. Há anos, a grande imprensa, as entidades empresariais, políticos e economistas esbravejam contra a alta carga tributária brasileira, como se isto fosse uma verdade inconteste. Todos transpiram indignação.
Essa eu li na “Gazeta do Paraná” (outros jornais devem ter feito o mesmo raciocínio): esse trilhão de reais seria suficiente para construir 3,9 milhões de postos de saúde totalmente equipados. A pergunta é: quem iria construir? Seria muito bom se esse pessoal dissesse como construir postos de saúde, escolas, estradas, portos, aeroportos, usinas, presídios, estádios, pontes, refinarias, e paro por aqui, sem impostos. Ou a idéia é que se o governo não garfasse esse 1 trilhão teríamos um posto de saúde em cada esquina?
Uma coisa é discutir o que é feito dos impostos arrecadados, se há má utilização, por incompetência ou dolo. Mas a questão não é essa. Condena-se qualquer imposto porque a tradição no Brasil é que quem tem dinheiro não paga.
Na campanha para acabar com a CPMF, um dos principais argumentos utilizados foi que a alta carga tributária implicava na elevação dos custos de produção e, conseqüentemente, dos preços ao consumidor. A promessa implícita era que os preços cairiam com o fim da CPMF. Dois meses depois do fim desse imposto, o insuspeito Jornal Nacional mostrou que não tinha havido qualquer redução dos preços.
Como era de se esperar, o fato não provocou nenhuma sudorese nos impostófobos.
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