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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Quatro Perguntas para Ligia Bahia

(*) professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e especialista em saúde pública

Como poderá ser resolvido o iminente colapso dos planos de saúde?

De duas formas: uma é as empresas verticalizando, adquirindo estabelecimentos de saúde, modernizando-os, expandindo a capacidade, construindo novos espaços. A outra é invadir a rede pública, que é a tendência bem clara. Ou seja, cliente de plano de saúde sendo atendido pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Está se oficializando que parte da rede pública será reservada para convênios privados.

Falta uma regulação eficaz?

A regulação seria fundamental para que não se repitisse o que vem ocorrendo - a má prestação dos serviços. É para garantir um padrão ótimo de concorrência no mercado, a fim de que as empresas possam disputar melhores preços e qualidade. Mas não é isso que estamos vendo. A ANS, como é dirigida por empresários, está atuando no sentido contrário, permitindo a oligopolização do setor, que abre espaço para o aumento de preço do produto, no caso, da mensalidade do plano.

Ter um plano de saúde é garantia de proteção?

A ideia é que quem tem plano está a salvo, mas a salvo do quê? Do racionamento, da fila? Não é assim. Estamos assistindo algo pior. NoSUS, o padrão é igual para todos. Nos convênios, quem está vivenciando esse inferno da dificuldade é principalmente quem tem plano barato. Segmentos de maior status socioeconômico estão protegidos. A classe C é a mais atingida. A solução de invadir a rede pública ocorre quando a classe C chega a esse mercado.

A senhora vê alguma saída?

Ou vai haver mudança radical da cultura empresarial, o que é muito difícil, para atender com dignidade, ou vai ser o caos. Outra alternativa é a ANS mudar seu padrão de atuação, em defesa do consumidor. Hoje, tornou-se um grande escritório de compra e venda de carteiras de planos de saúde. (AD)

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