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sábado, 5 de novembro de 2011

Números questionam mito sobre saúde

Paulo Moreira Leite
Há um debate permanente na discussão de verbas para saúde pública. É a tese de que a maioria dos problemas podem ser resolvidos por melhorias na gestão dos recursos públicos.

Será?

O debate é amplo. Para começar, envolve o tipo de saúde pública que nós queremos. Quem deve atender? Deve ter alguma qualidade? Precisa oferecer serviços compatíveis com a medicina moderna, cada vez mais caros, sofisticados e dirigidos para cada paciente? Ou deve ser apenas um galpão de pronto socorro?

Consideramos ético que o país alimente uma saúde de duas classes, a primeira para quem pode pagar, a segunda para quem não pode?

A resposta a essas questões vai definir o modelo de saúde que nós queremos. Não existe saúde grátis, de qualquer maneira.

Mas há uma discussão sobre o SUS aqui e agora. Não sou especialista em gestão. Mas dá para perceber que o serviço caro e custoso, no Brasil, é o da medicina privada.

Os planos privados consomem 45% de tudo aquilo que o país gasta com saúde. Mas só atendem 25% da população.

Já o SUS atende (ou tenta atender) 75% dos brasileiros com 55% das verbas.
Cada paciente dos planos privados recebe, em média, 140% a mais do que cada paciente do SUS.

E é aí que se pode falar em gestão.

De duas uma: ou os principais problemas de gestão deficiente se encontram na medicina privada. Considerando que ela é inteiramente subsidiada pela população, que permite que gastos privados sejam abatidos do Imposto de Renda, podemos ter aí um imenso desperdício sem falar em ganhos exagerados.
Ou então a medicina privada até que faz sua parte e seus custos infinitamente maiores apenas reforçam a visão de que o SUS está sem os recursos necessários.

Também podemos ter as duas coisas. Desperdício, desordem, desorientação e falta de dinheiro.
O que você acha?

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