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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Alô turma das Santas Casas! Mentalidade Enxuta nos Hospitais – Lean em hospitais


Em artigo, especialista diz que acredita que a filosofia da mentalidade enxuta nasceu para ser aplicada em hospitaisJaime Gil Bernardes (*) no Saúde Web
Quanto mais eu leio sobre LEAN Manufaturing (ou Mentalidade Enxuta, ou Sistema Toyota de Produção), mais me convenço que esta filosofia de gestão nasceu para ser aplicada em organizações hospitalares.
Esta filosofia, já amplamente utilizada pelas industrias, já tomou corpo no setor de serviços e somente agora começa a ser pensada pala sua implementação em hospitais, apesar de já ter começado a ser implantado desde a década de 1990.
O LEAN em hospitais é a revolução, é a inovação, é a peça que está faltando para melhorar a gestão nos hospitais (complementada pela Acreditação Hospitalar). Os hospitais ficam no mínimo 10 anos atrasados nos modelos de gestão já utilizados nas indústrias e nos serviços. Algo impede que os gestores pensem pro-ativamente na busca de resultados melhores. Basta ver quanto tempo levou para que os programas de qualidade saíssem das indústrias e chegassem aos hospitais. E as certificações de ISO ou de Acreditação? Muitos hospitais ainda não são certificados, mesmo com os excelentes resultados positivos já alcançados por inúmeros hospitais. A grande maioria dos hospitais ainda não possuem seus processos mapeados, impossibilitando a sua discussão e melhoria.
Os conceitos e princípios do LEAN parecem que foram feitos sob medida para hospitais: determinação de valor ao cliente, análise da cadeia de valor, conscientização do que o cliente quer (saber realmente quem é o cliente), fluxo contínuo e eliminação de gargalos, fazer somente o necessário na quantidade necessária e no momento necessário, análise e eliminação dos focos do desperdícios, saber diferenciar custos necessários de desperdícios, ir até o local onde está o problema e “sentir” porque ele ocorre, não se importar com quem resolva o problema desde que ele seja resolvido, e, principalmente, a melhoria contínua em busca da perfeição.
Muitas outras coisas podem ser ditas, muitas ferramentas são utilizadas, muito treinamento e conversas devem ser feitas, mas esta filosofia de gestão é algo que falta nos hospitais, onde as mesmas coisas são feitas da mesma maneira há muito tempo e não se tem noção do porque os prejuízos se acumulam. É mais fácil ficar na zona de conforto, sem fazer nada que possa fazer a diferença e colocar a culpa nos valores pagos pelo SUS e pelas Operadoras de Planos de Saúde.
Mas o grande foco é mudar a cultura existente de “como se faz”. Em resumo, esta filosofia de gestão procura sempre “fazer mais com menos”. Ou melhor, procura mudar o culturalismo, pois, como já citei em artigo anterior (veja em http://goo.gl/ju2hk), nas organizações hospitalares temos a tendência de classificar tudo que é errado como “cultural”, quando na verdade isso não tem a ver com cultura, no sentido acadêmico da palavra. Mesmo assim, o LEAN tem a intenção de mudar a cultura (e acabar com os culturalismos) em prol de um organização mais produtiva, sem que haja necessidade de investimentos em obras civis ou aquisição de equipamentos, contando apenas com treinamentos e repensar processos.
Algumas iniciativas de hospitais brasileiros já mostram resultados animadores a respeito de diminuição de desperdícios e melhor utilização de sua capacidade instalada com a utilização do LEAN. É sabido que grande parte dos esforços e recursos aplicados na saúde são desperdiçados. É justamente aí que entra o LEAN. E não são só recursos materiais, visíveis. Muitos dos desperdícios são em processos mal feitos, movimentações desnecessárias, informações inadequadas, pessoas não capacitadas, etc.
Infelizmente ainda não há literatura em português sobre a sua utilização na área da saúde. Encontrei alguns poucos artigos sobre este assunto. Em inglês já existe alguns bons livros sobre o assunto.
Então, mãos a obra: vamos ler sobre o assunto, contratar consultorias, desenhar os processos atuais, discutir o que pode ser melhorado, reduzir desperdícios e tornar as organizações hospitalares sustentáveis.
Jaime Gil Bernardes* – Mestre em Administração de Empresas, com dissertação sobre construção de cenários prospectivos no setor hospitalar. MBA em Gestão Empresarial. Consultor empresarial, diretor da JBernardes Consultoria, dedicada a gestão hospitalar.

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