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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Cracolandia: a falência da gestão pública paulista


O que ocorreu na invasão da Cracolância é exemplo claro da falta de ferramentas mínimas de gestão no governo e da prefeitura de São Paulo.
Com exceção de Mário Covas, nenhum de seus sucessores têm noção mínima sobre gestão, sequer o be-a-bá, quanto mais outras formas mais aprimoradas, como a gestão interdisciplinar - entre várias secretarias - ou a gestão com participação da sociedade civil.
Quando sugerido a Serra que se inteirasse de ferramentas de gestão, sua resposta - típica da arrogância despreparada - era que não precisava disso porque sabia fazer acontecer. Jamais realizou uma reunião sequer de secretariado. Houve secretário que entrou no governo e saiu sem conhecer outros colegas.
Na sua primeira gestão, Alckmin não foi melhor. A grande crise da segurança do PCC decorreu da incompatibilidade entre secretários da área - Justiça, Segurança e Administração Penitenciária - e falta de pulso de Alckmin para organizar reuniões conjuntas.
No episódio das enchentes, com Serra, outro exemplo clamoroso da falta de gestão, não se tem notícia de uma reunião conjunta sequer dos setores que compõem a defesa civil do Estado. A tal ponto que Serra entrou na campanha presidencial supondo que Defesa Civil era uma organização tipo Corpo de Bombeiros e não uma articulação das diversas organizações envolvidas com desastres.
Trabalho intersetorial consiste em identificar o problema - resolver a questão da cracolância. Depois, juntar todos os setores responsáveis - Secretarias da Saúde do Estado e do Município, PM, Guarda Municipal, Ministério da Saúde - mapear todas as etapas e definir a responsabilidade de cada um e a articulacao entre as ações.
Nessas reuniões se estudaria, primeiro, onde alojar os desabrigados. Depois, como preparar a recepção. Finalmente, a ação propriamente dita, com agentes de saúde, primeiro, tirando os viciados. Depois, a PM e a PF entrando em cena contra os traficantes.
Finalmente, as ações de longo prazo, visando o tratamento dos necessitados.
Fala-se muito em Brasil grande, em nova etapa do desenvolvimento brasileiro, mas o maior estado do país não tem noção mínima de gestão pública. Enquanto isto, organizações que poderiam trabalhar a inteligência do estado - como Fundap, Seade, Cepam - continuam às moscas.
Faria melhor Alckmin em providenciar um estágio dos secretários paulistas com o pessoal do PAC, no governo federal, ou com os governos de Minas, Pernambuco e Espirito Santo.

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