Educação, melhoria de renda e atenção básica são os caminhos
no Globo
Em pouco menos de duas décadas, os idosos serão, segundo o IBGE, 19% da população brasileira. A população do país também vai crescer, e a mudança demográfica, segundo especialistas ouvidos pelo GLOBO, impacta diretamente na área de Saúde.
Projeção feita pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess) aponta que daqui a 18 anos os gastos com assistência ambulatorial e hospitalar podem aumentar quase 150%. Os gastos com a Saúde Suplementar (planos de saúde) também vão subir: R$ 59,2 bilhões foram gastos pelas operadoras em 2010. Em 2030, serão R$ 80 bilhões.
- A projeção ligada à saúde pública foi feita para contribuir com o debate. O Ministério da Saúde tem se mostrado sensível, e lançou plano para o enfrentamento das doenças crônicas. Mas os desafios são imensos, e será necessário promover mais mudanças de hábitos alimentares, incentivos às atividades físicas e consultas.
Prevenção é ponto-chave - diz Luiz Augusto Carneiro, diretor-executivo do Iess.
Professora da UFRJ, Ligia Bahia, pesquisadora da área de saúde coletiva, faz a ressalva de que projeções sobre os gastos com a Saúde no futuro são de difícil cálculo, por precisarem levar em conta fatores como a inflação estimada para o período projetado. Mas também destaca que o envelhecimento da população vai fazer os gastos crescerem:
- As pessoas precisarão de serviços de saúde por mais tempo, pelo simples fato de que vão viver mais. E a Saúde ainda não é prioridade no Brasil. Uma prova disso é que, aqui, a média de gasto por pessoa, por ano, é de cerca de US$ 350. Em países europeus, com perfil mais envelhecido, é uma média de US$ 3 mil.
Segundo o pesquisador Cássio Turra, da UFMG, o aumento de alguns gastos é inevitável - "Quanto mais velhas as pessoas ficam, mais perto da morte estão e, quanto mais perto, maior o gasto":
- Também será inevitável gastar mais com tecnologias médicas, já que as pessoas vão querer viver mais. Assim como gastaremos mais com Instituições de Longa Permanência, já que as famílias estão menores e esse arranjo que conhecemos, com idosos morando com seus filhos, tende a mudar.
No entanto, Turra, que apresentou estudo sobre o tema no Encontro Nacional de Estudos Populacionais deste ano, aponta que o Brasil tem como criar medidas para diminuir o impacto da mudança demográfica:
- Educação, por exemplo, está relacionada à saúde. Assim como a melhoria de renda, que é capaz de proporcionar dieta melhor e até mais cuidados.
Autor do estudo do Iess, Antonio Campino aposta no aumento do programa Saúde da Família:
- O programa deve ser fortalecido, e as ações devem estar voltadas ainda para a saúde materno-infantil. Assim, o Brasil se prepara para o que virá.
Uma forma de se investir menos em saúde é investir muito em prevenção. Por exemplo: Todas as empresas públicas ou privadas deveriam exigir a obrigatoriedade de exames anuais para os tipos de câncer preveníveis, principalmente os do homem que não têm o hábito de ir ao médico como rotina; investir pesado nos programas anti-tabagismo (começando pelos chefes que têm que dar exemplo); apresentação de exames cardiológicos anuais; mães têm que apresentar carteirinhas de vacina dos filhos em dia; as empresas devem investir em vacinação para a gripe ( o que muitas já fazem) a preços mais baixos para os funcionários; criar associações ativas que promovam lazer e descontos em academias; boas chefias nos serviços que promovam reuniões periódicas ( e não uma a cada 3-4 anos) como forma de ouvir os funcionários e tentar aliviar o stress/ depressão/ saúde mental. Programas de saúde mental para os próprios funcionários são muito importantes e devem ser acompanhados pelas altas chefias como forma de prevenção a depressão (com mudanças de atitudes/ práticas nos serviços) que ao meu ver acomete mais a população brasileira e mundial.
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