Do PT Paraná (via blog Lado B)
Por Enio Verri
Quando assumiu o governo do Paraná, no acender das luzes do ano de 2011, o governador Beto Richa havia se comprometido com os paranaenses a transformar a administração pública no estado.
Durante a campanha eleitoral, Richa comoveu a população com a ideia de que daria um “choque de gestão” no estado, tornando a máquina pública excepcionalmente eficiente.
Dois anos depois da posse, ao alcançar a metade do mandato, o discurso do governador sucumbiu à prática. O “choque de gestão” prometido por Beto Richa tornou-se uma paródia incômoda e constrangedora da letargia pela qual atravessa o Paraná.
O que se viu entre janeiro de 2011 e dezembro de 2012 foi um estado entorpecido, sem rumo, incapaz de elaborar e executar políticas que beneficiassem a população.
Tal impressão, de que Beto Richa ainda não foi empossado, é senso comum em todo o estado. O jornalista Celso Nascimento fotografou o momento político na coluna de 23 de dezembro no jornal Gazeta do Povo:
“Do ponto de vista administrativo, é generalizado o consenso (entre amigos e adversários) de que Richa não deixou marcas importantes nesses 24 meses no comando do estado. Nem mesmo parece ter aproveitado esse tempo para definir rumos e dotar o estado e o governo de condições para persegui-los. Passou distante, portanto, daquilo que, na campanha, definiu como choque de gestão, um novo jeito de governar. Não há sinais aparentes de que tenha conseguido atingir tais objetivos dada a paralisia que acomete a maioria dos setores governamentais.”
Apesar da indolência, as poucas medidas adotadas até agora pela gestão Richa deixaram vestígios que apontam, de certa forma, para uma marca de governo.
No primeiro ano do mandato, o governador do PSDB aumentou a tarifa de água em 35% e promoveu o tarifaço no Detran, reajustando os preços dos serviços em até 183%. Em dezembro do ano passado, o governo vetou acordo entre a Copel e o governo federal para redução da energia elétrica.
Ao adotar um modelo que tira dos mais pobres para concentrar em determinados grupos e regiões, o governo Richa falha na tentativa de esconder seu caráter elitista, excludente e concentrador.
Nestes dois anos ainda foi possível verificar que, com o objetivo de mascarar a inércia e incapacidade, a gestão Richa se ocupa das obras, programas e investimentos federais em benefício próprio.
Enquanto o Paraná permanece paralisado, o governo da presidenta Dilma mostra serviço.
Entre 2011 e 2012, o governo federal implantou os programas “Brasil Sem Miséria”, que está tirando da pobreza 16 milhões de pessoas, e “Ciência sem Fronteiras”, que oferece bolsas de estudos para estudantes brasileiros nas melhores universidades do mundo. O governo Dilma também lançou o plano de concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, criando condições para o surgimento de um ciclo virtuoso de investimento produtivo; reduziu a carga tributária, ampliou as desonerações na folha de pagamento e, a partir deste ano, vai baratear a tarifa de energia.
No acumulado dos 11 primeiros meses de 2012, o governo federal transferiu cerca de R$ 9 bilhões para o Paraná. Foram R$ 4,12 bi para infraestrutura e outros setores da economia, R$ 2,5 bi para saúde e R$ 541 milhões em educação, entre outros.
Na primeira metade do mandato, o governador Beto Richa se mostrou tecnicamente incapaz de fazer o que o Paraná precisa. Neste período, o governo do Paraná caminhou com as pernas do governo federal.
* Enio Verri é deputado estadual e presidente do PT do Paraná.
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