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sábado, 12 de janeiro de 2013

QUADRILHA DE CACHOEIRA USA JATO DE SENADOR DO PSDB



Andressa, agora a Senhora Cachoeira oficialmente, continua voando em jatinhos executivos. Mais especificamente no Beechjet 400, prefixo PT-TRA
Avião tem cozinha, bar, banheiro, sofá, oito lugares e tapeçaria de luxo

via Emir Sader


O Beechjet 400 é um luxuoso jato executivo de oito lugares, dotado de galley (uma pequena cozinha com microondas, refrigerador, bar) e um banheiro completo. 

Sucesso de vendas em todo o mundo, no Brasil quase 40 deles voam para empresas importantes como a Líder Táxi Aéreo, as construtoras Odebrecht e MRV, além de bancos e empresários de sucesso. É um dos poucos aviões de sua categoria onde os passageiros podem ficar de pé, confortavelmente, além de contar com um sofá lateral e mesas de trabalho retráteis, tudo em madeira de lei e tapeçaria de luxo.

Um deles, sempre presente nos aeroportos de Goiânia, Anápolis, Brasília, São Paulo e em várias cidades de Goiás e Tocantins, é o de prefixo PT-TRA. 

Formalmente registrado em nome do próspero empresário Ataídes de Oliveira, do ramo de consórcios, construção civil e dono de muitas revendas de motos e carros em Goiás e Tocantins, o luxuoso jatinho teve 50% de sua propriedade vendidos para Cláudio Dias de Abreu, o homem da Construtora Delta em Goiás, e grande amigo e sócio de Carlinhos Cachoeira. 

A quantia de R$ 2 milhões 160 mil, seria paga em parcelas e várias delas entraram nas contas bancárias de Ataídes conforme constatou a CPI do Cachoeira. O contrato de venda é datado de 11 de novembro de 2011, há exatos três meses da Operação Monte Carlo, onde Abreu e Cachoeira seriam presos e um dos mais impressionantes esquemas de corrupção e desvio de dinheiro público seria desbaratado. 

Nos aeroportos normalmente utilizados pelo PT-TRA, os funcionários dos hangares respondem com tranquilidade a indagação sobre a propriedade do jatinho: "É do Cachoeira". Monitorados muitos meses antes de serem explodidos pela Monte Carlo, Abreu e Cachoeira já utilizavam o Beechjet com grande assiduidade. No início procuravam por Ataídes, um vaidoso senador suplente pelo PSDB do Tocantins, para filar caronas ou mesmo fazer cortesia utilizando a caríssima aeronave de sofisticado projeto desenvolvido pela japonesa Mitsubishi e montado pela Haytheon, através de sua subsidiária Beechcraft. Depois compraram metade do avião, tornando-se sócios do senador tucano.

Nas milhares de horas de gravações autorizadas pela Justiça e realizadas pelo sistema Guardião do Departamento de Polícia Federal, há dezenas de diálogos entre Cláudio Abreu e Cachoeira versando sobre a utilização do jatinho do tucano. É nele que Cachoeira e Abreu querem buscar o então senador Demóstenes Torres (DEM-GO) no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, quando ele volta de viagem à Alemanha, onde se encontrou com o ministro Gilmar Mendes, do STF. De forma cifrada, Cláudio comenta com Cachoeira que uma importante figura chegaria junto, e por isso precisava do jato de Ataídes. Terminaram por enviar outro avião, um turbo-hélice King Air, de outro amigo, já que não encontraram o tucano para que autorizasse seus pilotos. Mas esse empecilho jamais voltaria a acontecer, já que poucos meses depois a dupla compraria 50% do luxuoso jatinho.

Nas dezenas de milhares de páginas da Operação Monte Carlo, há transcrições de diálogos entre os membros da quadrilha através dos aparelhos Nextel registrados em Miami, nos Estados Unidos, e cuja chave foi descoberta e quebrada pela inteligência da Polícia Federal. Centenas deles envolvem personagens tão díspares quanto Demóstenes, Gilmar ou o jornalista Policarpo Júnior, diretor da revista Veja em sua sucursal de Brasília. Em uma ou mais vezes, eles teriam sido passageiros do PT-TRA, do qual Cachoeira se utilizava com imensa desenvoltura, antes e depois da compra.

Das centenas de requerimentos de informação apresentados à CPI do Cachoeira e que sequer foram apreciados e votados, há vários sobre os depósitos realizados pela Valesul (Cláudio Abreu) em contas bancárias de Ataídes de Oliveira. A CPI, com o auxílio da Polícia Federal, esteve a um passo de desvendar a verdadeira história do jato utilizado pela quadrilha e de seu dono, um senador tucano por ironia da história. O senador Randolfe Oliveira (PSOL), autor da maioria dos requerimentos, foi quem mais se aproximou desse importante elo perdido no emaranhado da Monte Carlo.

Em maio de 2011, com pompa, circunstância e festança, Ataídes de Oliveira assume o senado, com a licença do titular João Ribeiro (PR), cuja campanha foi ajudada por ele, com seu avião, helicópteros e dinheiro, muito dinheiro. 

O jovem senador tucano demonstrou uma inusitada desenvoltura para um novato: tornou-se em poucas semanas um dos expoentes da Frente Parlamentar do Pré-Sal, defendendo a distribuição dos royalties para todos os Estados; atacou os assassinatos no campo; chamou de "elefantes brancos" as obras paralisadas do PAC; contou a história épica de sua vida de self-made-men na tribuna do Senado da República; tornou-se vice-presidente da Comissão de Acompanhamento das Obras da Copa do Mundo e das Olímpiadas (logo ele, um empreiteiro!) e, curiosamente, em 18 de agosto eletrizou o plenário da Câmara Alta com um virulento discurso contra a corrupção. Semanas depois vendia metade de seu jatinho para Cláudio Abreu, o principal operador de Cachoeira.

Estourada a quadrilha em fevereiro e 2012, o jato sai de circulação por algum tempo. Andressa Mendonça, a mulher de Cachoeira, utiliza um outro jato, o Learjet PT-LHT da Sete Táxi Aéreo, de Goiânia, para visitar o companheiro no presídio de segurança máxima de Mossoró (RN). Alardeia-se o custo de R$ 60 mil pela viagem de quase três horas até o interior potiguar.

Com a transferência de Cachoeira para Brasília, Andressa passa a utilizar o PT-TRA, embora em 08 de agosto de 2012, segundo novo contrato celebrado entre o tucano Ataídes e a Valesul Consultoria, Construções e Administração, empresa de Cláudio Abreu, o negócio fosse desfeito, com uma multa de R$ 400 mil para o comprador e uma devolução de R$ 200 mil na conta da Valesul. 

Mas algo intriga os policiais que investigaram e ainda investigam Cachoeira e seu bando. Porquê Ataídes não foi pego? "Todos os dois contratos são fajutos. O avião é do Cachoeira. Foi e é dele. É parte das comissões que recebeu pelos negócios realizados no Tocantins com o Ataídes: inspeção veicular, aluguel de automóveis para o governo do Estado, obras da Delta. Essa é a verdade!", diz um promotor que acompanha o processo oriundo da Operação Monte Carlo..

O delegado Matheus Mella Rodrigues, da PF, em depoimento prestado à CPI no mês de maio de 2012, atribui ao tucano Ataídes de Oliveira o "canal aberto pela quadrilha de Cachoeira no governo Siqueira Campos (PSDB), no Tocantins". No dia seguinte, o respeitado colunista Ilimar Franco, de O Globo, vaza informações da Polícia Federal de que o mesmo Ataídes de Oliveira, então suplente de senador pelo PSDB, fora pego em gravações realizadas pela Operação Monte Carlo operando um esquema de lavagem de dinheiro da quadrilha em um banco da Suiça.

Ataídes continua influente no PSDB, morando no mais caro edifício de Goiânia, o Excalibur, onde é vizinho de celebridades como o ex-governador do DF Joaquim Roriz, o cantor Zezé de Camargo e o provável (ex?) sócio Carlinhos Cachoeira, de quem diz ser "amigo desde a infância em Anápolis".

Andressa, agora a Senhora Cachoeira oficialmente, continua voando em jatinhos executivos. Mais especificamente no Beechjet 400, prefixo PT-TRA, o avião que nominalmente é de Ataídes de Oliveira. Teria sido nele, inclusive, que os vistosos recém-casados desembarcaram no aeroporto privado do mais caro resort do Brasil, no litoral baiano.

3 comentários:

  1. e desse outro jatinho de sociedade de Marconi Perillo? alguem se lembra? http://www.jornalopcao.com.br/posts/ultimas-noticias/nome-de-marconi-perillo-e-citado-em-outro-dialogo-de-cachoeira
    http://folha.com/no1078690

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  2. meu irmão....vamos lá....algumas empresas citadas não tem Beechjet...ele não tem forno microondas, não tem refrigerador, e muito menos não da pra ficar em pé..ah!..sofá também não existe...o resto eu falaria que está bom, mas pelo tanto que você conferiu as informações, tenho minhas dúvidas....

    Fonte: eu..ex-piloto de beechjet

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  3. Belo comentário do Ex-piloto de beechjet! Existe sempre uma tendencia quase patológica ao exagero neste tipo de matéria... Mas, joguemos todo o 'glitter' e a purpurina fora e vamos ao que interessa: O casal Cachô voou regularmente no avião do senador... Simples né?

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