Foto: Divulgação/Internet
Paulo de Argollo Mendes é médico e presidente do sindicato dos médicos do Rio Grande do Sul(SIMERS).
Será que a ficha caiu? Nunca antes neste Estado, ao menos desde os anos de 1990, quando o Sistema Único de Saúde (SUS) começou a ser implantado como modelo de assistência e com o desafio da universalização, vimos, ouvimos e lemos compromissos tão compulsivos, de prefeitos novos e dos que já estavam nos cargos e foram reconduzidos, em resolver problemas e qualificar a saúde pública.
De Porto Alegre, irradiando pela Região Metropolitana e pelo Interior, há, sim, um claro e, queremos acreditar, sincero, desejo de corrigir mazelas, sepultar gargalos inadmissíveis e construir um sistema adequado às necessidades da população. E a razão, além da própria deterioração da condição de vida, inclui o custo político de ignorar a voz das ruas.
Ao que parece, a água bateu no nariz. Realmente, o passivo da desassistência, desde uma simples consulta com especialista ou médico generalista, um exame de raio X, um procedimento cirúrgico de baixa complexidade e até um parto, acumulou-se e na última eleição explodiu.
Não foi à toa que o tema liderou pesquisas de opinião como o que mais preocupa, o que está pior, e de sul a norte do país. Uma reação em busca de mudanças, que não são fáceis, mas que precisam ser deflagradas com urgência, ser manifestada por prefeitos apresenta também a necessidade de outro movimento. Neste caso, uma atitude rápida do governo estadual e da União para compor este esforço de dar um SUS à altura do que os pacientes necessitam. A primeira coisa a ser dita é que não há como os municípios suprirem as demandas crescentes, de prevenção e tratamento e de recursos financeiros. Se na Capital as insuficiências são de toda ordem, imagine-se nas pequenas e médias cidades.
Em mais de 20 anos de SUS, ficou evidente que a municipalização naufragou, afogou-se pela falta de oxigênio. Tanto que no Rio Grande do Sul temos apenas 15 cidades com o status de SUS pleno, quando tudo é gestado localmente. Diante de gestores abnegados por melhorar o que está distante do mínimo, a categoria médica está pronta para sugerir e fazer a sua parte. Desde já, é bom ressaltar que não é por carência de profissionais que o doente não recebe os cuidados na hora e nos locais certos. Já temos o dobro do número de médicos preconizado pelo Ministério da Saúde (um a cada mil habitantes).
Até 2020, a proporção deve duplicar sobre a base existente. O Simers apresentou a gestores municipais e ao governador a proposta de criar uma carreira médica estadual, para universalizar a presença de médicos nos 497 municípios.
Portanto, prefeitos, não desperdicem verbas com ambulâncias, motolâncias ou outros programas aventureiros. Apliquem os escassos orçamentos em ações que atendam às necessidades dos pacientes e que terão continuidade. Daqui a quatro anos, mediremos o efeito das promessas e da disposição de 1º de janeiro de 2013.
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