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Durante entrevista coletiva concedida esta semana, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou um estudo inédito que mostra como o consumo de álcool está relacionado a 49% das agressões físicas e a 21% dos acidentes no trânsito. A pesquisa, realizada pelo programa Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) do MS, divulgou dados que mostram a relação dos acidentes e agressões com o grau de escolaridade das vítimas.
“Se antes tínhamos estudos que apontavam que a população que mais ingere álcool é a de baixa escolaridade, hoje temos cada vez mais estudos mostrando que o álcool está disseminado na sociedade como um todo. Pessoas de média e alta escolaridade se envolvem cada vez mais em acidentes após o uso abusivo do álcool”, afirma Débora Malta, diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde.
Em 2011, mais de 42 mil pessoas morreram no trânsito. Entre os atendimentos por acidentes de trânsito, as maiores proporções foram identificadas entre as pessoas que têm de 5 a 8 anos de estudo (ensino fundamental), que corresponde a cerca de 26%, e de 9 a 11 (ensino médio), cerca de 39%. Os dados da pesquisa foram extraídos de 71 hospitais de todo o país, que fazem atendimentos de urgência e emergência pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Estamos perdendo a vida dos jovens que morrem, mas também estamos perdendo a qualidade de vida dos que ficam. Muitos desses acidentes vão resultar em lesões definitivas, como tetraplegia e amputação de membros. Com pessoas jovens e adultas que interrompem sua vida produtiva e a capacidade laboral com acidentes”, diz a diretora reforçando a fala do ministro da Saúde na última terça-feira (19): “Um dos dados do estudo aponta que 66% das vítimas têm de 5 a 11 anos de escolaridade. Ou seja, estamos perdendo pessoas que são altamente produtivas”.
Também em 2011, mais 51 mil pessoas morreram por homicídio. Entre os atendimentos por violência, os maiores índices foram identificados entre aqueles com 5 a 8 (31,8%) e 9 a 11 (28,8 %) anos de estudo. “O dado da agressão é bem diferente. A participação do álcool é em torno de 50% e a escolaridade é baixa. Quase 60% das vítimas têm de 0 a 4 anos de estudo. São pessoas que estão expostas a áreas urbanas de grande violência e com grande concentração de pobreza e miséria”, comenta Débora.
O resultado dessa pesquisa ajuda a compreender melhor a distribuição socioeconômica do país e como esses comportamentos podem expor a população. Apresentando como o grau de escolaridade pode servir como fator de risco ou como um fator proteção. Débora esclarece como a pesquisa possibilita concluir que a grande diferença entre os dois dados deve-se às tentativas de agressão ocorrerem com as pessoas de menor escolaridade e os acidentes de automóvel ocorrerem com as pessoas de maior escolaridade.
A diretora acredita que as campanhas educativas precisam desses dados para entender a distribuição dos grupos e atingi-los acertando na recepção das mensagens. “Quando nós fazemos campanha temos que conhecer o público alvo para acertar na forma e na linguagem. De acordo com a faixa etária, com a característica sócio demográfica, escolaridade e sexo. No caso do consumo de álcool devemos atingir os homens e grupos com escolaridade média e elevada. Já no caso das motocicletas, o público alvo é de adultos jovens com escolaridade de 9 a 11 anos”, conclui Débora.
Vida no Trânsito – Para apoiar estados e municípios a orientar condutores sobre o risco da combinação entre o álcool e direção, o Ministério da Saúde desenvolve o Projeto Vida no Trânsito. As cinco capitais brasileiras que participam do projeto (Curitiba, Teresina, Belo Horizonte, Campo Grande e Palmas) reduziram, entre 2009 e 2011, o percentual de atendimentos de vítimas de acidentes alcoolizadas nas emergências dos prontos-socorros. Em setembro de 2012, o Ministério autorizou o repasse de R$ 12,8 milhões para os 26 estados, o Distrito Federal, todas as capitais, além de Guarulhos e Campinas. No total, foram cerca de R$ 25 milhões para as ações do Projeto Vida no Trânsito. Uma das ações do projeto Vida no Trânsito é a qualificação dos sistemas de informação sobre acidentes, feridos e vítimas fatais.
Camilla Terra / Blog da Saúde
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