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sábado, 24 de agosto de 2013

Republicando: #MaisMedicos - Heider Aurelio Pinto(*) opina sobre a polêmica


Sobre a polêmica dos médicos estrangeiros tratada pelo Ministro Alexandre Padilha recentemente proponho uma linha de discussão: contra argumentos de toda sorte (ou azar) e boatos, trabalhemos em cima de fatos...

1- O Brasil tem uma má distribuição de médicos, aproximadamente 700 municípios apresentam altos índices de insegurança assistencial por escassez de médicos sendo que a maioria desses não tem sequer 1 médico residindo no Município (Fonte: Rede Observatório de Recursos Humanos) 

2- O Brasil também tem poucos médicos, são só 1.8 p/mil hab.; menos que a Argentina 3.2; Uruguai 3.7; EUA 2.4; e países que têm sistemas públicos similares como Inglaterra 2.7; Portugal 3.9; Espanha 4.0

3- Uma mentira repetida várias vezes não necessariamente vira verdade, a Organização Mundial de Saúde não recomenda 1 médico p/mil habitantes, repetir isso não fará a OMS recomendar rs

4- No Brasil em 2011 foram criados 18,8 mil vagas de médicos e apenas 13 mil se formaram. O acumulado de 2003 a 2011 é de 147mil novas vagas para 93mil formados: déficit de 54 mil

5- A tendência se agravará, pois só com a ampliação de vagas em serviços de saúde projetadas conforme investimentos do Ministério na Saúde na #AtBásica Redes de Urgência, Cegonha, Saúde Mental, Saúde Indígena, Viver sem Limites, Enfrentamento do Câncer serão necessários mais 26.311 até 2.014 e 38.000 até 2.020

6- No Brasil temos muitas escolas médicas, mas elas têm poucas vagas na comparação internacional. O número de vagas por 10mil hab. no EUA é 1.6; Inglaterra 1.5; Austrália 1.4, no Brasil 0.8, metade do EUA

7- Esses países compensam com a admissão de médicos estrangeiros. Do total de médicos que atuam nos EUA 26% são estrangeiros, Inglaterra 37% e Austrália 22,8%. No Brasil insignificantes 1.8%

8- Síntese: o Brasil tem poucos médicos para a população e sistema de saúde que tem e eles são mal distribuídos; forma poucos médicos para a demanda de novos postos de trabalho e é um dos mercados mais restritivos do mundo à entrada de estrangeiros

9- Conclusão: que o Brasil para seguir avançando numa saúde de qualidade e Universal, ou seja, acessível a todos brasileiros, precisa investir urgentemente na formação de médicos (quantidade e qualidade); ter medidas mais fortes de distribuição e incentivar a atuação de médicos estrangeiros está evidente pelos dados apresentados

10- Como a demanda é muito acima da formação, mesmo ampliando vagas e incentivando a vinda de médicos estrangeiros o Brasil não terá desemprego médico, pois dificilmente conseguiremos nos próximos sequer preencher os novos postos

11- Portanto, o que não está evidente e suficientemente claro são os interesses de quem é contra a medida... talvez por que sejam menos universais e transparentes do que os postos aqui...


(*)Heider Heider Aurelio Pinto é diretor de Atenção Básica do Ministério da Saúde

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