Páginas

domingo, 9 de março de 2014

‘Foi um rombo monstruoso’, diz desembargador sobre Santa Casa do RJ


Gama Malcher investiga a venda de imóveis e quer resgatar a credibilidade da entidade

RIO - À frente da defesa da Santa Casa após Dahas Zarur ser afastado pela Justiça, o desembargador Gama Malcher investiga a venda de imóveis e quer resgatar a credibilidade da entidade.

Leia a entrevista completa:

Qual foi o resultado da auditoria contratada para levantar o prejuízo da Santa Casa com a venda dos imóveis da entidade?

A auditoria ainda não terminou, mas foi um rombo monstruoso. Foram vendidos 268 imóveis sem autorização da Junta (diretoria da entidade). Ainda não temos valores.

Como era o esquema de venda desses imóveis?

Faziam a pauta da reunião e, no meio da conversa, pediam autorização para a venda de um imóvel. A Junta aprovava. Eles faziam uma ata falsa autorizando a venda deste e de outros imóveis. Isso é crime! Há muita gente envolvida, uma quadrilha. Declarações falsas de dívidas que eram saldadas mediante escrituras de dação e pagamento. Combinavam com advogados, que declaravam ter pago contas da Santa Casa em processos cíveis de execução fiscal. Dahas Zarur fazia uma escritura de confissão de dívida para o advogado e, depois, uma escritura de dação de pagamento do referido imóvel para saldar a suposta dívida. Isso ocorreu com um imóvel na Rua da Matriz, por exemplo. Pretendíamos vendê-lo para pagar salários atrasados dos funcionários. Descobrimos que, apesar de constar nos documentos da Santa Casa, ele não fazia mais parte do patrimônio. Um advogado teria pago R$ 4 milhões de dívidas da entidade e recebeu o imóvel em pagamento. Uma corretora o havia avaliado em R$ 12 milhões.

O que vocês pretendem fazer?

Estamos avaliando cada caso e pretendemos entrar na Justiça, mas aguardamos a auditoria ser concluída.

Os funcionários continuam com salários atrasados?

A situação é muito difícil. Houve um médico que doou R$ 800 mil do bolso dele para ajudar a pagar a folha. Além disso, não podíamos permitir que os funcionários que viraram réus no processo da Santa Casa continuassem trabalhando. Já determinei que todos aqueles denunciados pelo Ministério Público fossem demitidos por justa causa. Não podemos manter ladrões por lá.

Por que a situação chegou a um ponto tão extremo?

O que aconteceu é inacreditável. Zarur começou como um pequeno funcionário, chegando a provedor. Com a auditoria, algumas pessoas nos contam histórias de arrepiar. O dinheiro saía da Santa Casa em sacolas de supermercado. Isso está vindo à tona agora.

Como recuperar a confiança nos serviços da Santa Casa?

Agora é arrumar a bagunça, ajudar o Ministério Público na acusação, punir os responsáveis. É preciso saber o que aconteceu e trazer o dinheiro de volta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário