Eu só quero é ser feliz
andar tranquilamente com a roupa que escolhi,
e poder me assegurar
que de burca ou de shortinhotodos vão me respeitar
andar tranquilamente com a roupa que escolhi,
e poder me assegurar
que de burca ou de shortinhotodos vão me respeitar
Tramita na Câmara Municipal de Vereadores de Curitiba, o Projeto de Lei nº 005.00196.2013, de autoria do vereador Rogério Campos (PSC) que pretende instituir na cidade de Curitiba a obrigatoriedade de ônibus reservado para mulheres usuárias do transporte coletivo.
A realidade do serviço de transporte público urbano em Curitiba e Região Metropolitana, demonstra sua ineficiência para atender às demandas da população. A falta de oferta adequada de veículos, que provoca a superlotação dos ônibus, o alto valor da tarifa, a ausência de transparência nas planilhas de custos do serviço prestado, entre outros fatores, são elementos que atingem diretamente a vida das pessoas usuárias do transporte público coletivo, sejam mulheres ou homens.
Soma-se a isso, a violência sofrida pela prática dos abusos, de assédio moral e físico, de assaltos e diferentes formas de expressão dos problemas sociais. Nós mulheres, que somos mais de 50% da população, somos as mais atingidas por esta realidade. E não é por sermos a maioria, mas porque a cultura machista e patriarcal sustenta, nas relações humanas, o controle sobre nossos corpos. Desta forma, o assédio moral e sexual, os estupros são manifestações da negação do direito às nossas escolhas e à nossa sexualidade. O que precisa ser superada é a cultura do estupro e da violência sexista, garantindo-nos o direito de ir e vir livremente, onde quer que estejamos, seja no ônibus ou em qualquer outro lugar.
Aos/às nossos/as representantes no Poder Legislativo de Curitiba, cabe o papel de construir alternativas através das politicas públicas que invertam esta lógica sexista e excludente e que combatam qualquer forma segregadora e que delimite o uso da cidade para as mulheres. Queremos viver Curitiba em todas as suas possibilidades e potencialidades.
Quando o poder público normatiza as formas de apropriação e uso coletivo da cidade e seus espaços, explícita e implicitamente, estabelece códigos de legitimidade de condutas para toda a sociedade. De uso exclusivo ou preferencial, se aprovado o projeto, teremos 20% da frota de coletivos da cidade, pintados na cor rosa, indicando que ali é espaço reservado às mulheres. E que, por contraste visual, ficará estabelecido que a outra parte da frota, os ônibus “normais”, é para uso de homens e não de mulheres.
O Projeto de Lei nº 005.00196.2013 não contribui para a afirmação dos direitos das mulheres e dessas premissas pois, ao invés de garantir a participação autônoma das mulheres na sociedade, propõe segregação entre os espaços feminino e masculino, demarcados visual e socialmente, fortalecendo ainda mais o conservadorismo que atribui espaços e funções diferenciadas entre os gêneros. A proposta do PL também não se apresenta como possibilidade de política afirmativa de direitos das mulheres, que vise a equiparação de acesso e oportunidades a um direito universal que seja hegemonizado pelos homens. Na verdade, o projeto protege o machismo, banaliza a violência e também não apresenta propostas educativas, punição aos agressores ou soluções para os problemas do transporte público. E como não haverá aumento da frota de ônibus, não contribuirá para a qualidade do transporte coletivo.
Sendo assim, requeremos:
1. O arquivamento definitivo do Projeto de Lei nº 005.00196.2013;
2. Discutir e construir políticas públicas contra o assédio sexual e a violência sofridas no transporte público em uma Comissão a ser integrada pelos Movimentos Feministas/de Mulheres e as Secretarias Municipais de Segurança, de Transportes e de Políticas para as Mulheres de Curitiba;
3. A proposição de políticas e ações no sentido de capacitar e formar os trabalhadores e trabalhadoras do transporte público da cidade para enfrentar situações de violência, como o assédio sexual, nos coletivos da cidade;
4. Utilização dos espaços dos ônibus do transporte coletivo para fazer campanha contra o assédio sexual e que orientem as mulheres sobre seus direitos.
Coletivo de Mulheres do PT PR
Marcha Mundial das Mulheres
Secretaria da Mulher Trabalhadora CUT PR
Marcha Mundial das Mulheres
Secretaria da Mulher Trabalhadora CUT PR
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