O
Conselho Federal de Medicina (CFM) encaminhou nesta segunda-feira (9)
um alerta a todos os senadores e deputados federais, no qual repudia a
aprovação de novas regras para o financiamento da saúde, incluídas na Proposta de Emenda à Constituição 358/13
– PEC do Orçamento Impositivo. A manifestação, divulgada também à
sociedade e à imprensa, ressalta que a aprovação da matéria, “nos moldes
do texto que passou pelo Senado e sem os destaques apresentados na
Câmara dos Deputados”, agravará ainda mais a crise pela qual passa a
rede pública.
A
PEC 358/13 já foi aprovada em 1º turno pelo Plenário da Câmara em
dezembro do ano passado, mas ainda precisa ser aprovada numa segunda
rodada na Casa antes de seguir para a promulgação pela Presidência da
República. O impasse decorre de alterações promovidas no Senado Federal,
que incluiu no texto um dispositivo que amplia progressivamente os
recursos aplicados pelo governo federal no setor nos cinco anos
seguintes à sua promulgação, alcançando, ao final, 15% da Receita
Corrente Líquida (RCL) da União.
Com
isso, ao final de cinco anos, a mudança trará um aporte de R$ 64,2
bilhões ao orçamento da Saúde, valor muito inferior aos R$ 257,1 bilhões
estimados para o mesmo período se aprovada a destinação de 10% das
Receitas Correntes Brutas (RCB), conforme defendido pelo Movimento
Saúde+10, do qual o CFM faz parte. Esta proposta faz parte de um projeto
de lei de iniciativa popular que tramita no Congresso e tem o apoio de
2,2 milhões de assinaturas.
Além disso, a PEC fixa que 50% dos recursos das emendas parlamentares individuais sejam direcionados à área da saúde. Ao invés de ser um acréscimo ao orçamento, o texto permite que o Executivo contabilize esta verba no percentual mínimo que a União deve aplicar por ano no setor. Atualmente, a Constituição exige que a União gaste em saúde o que foi empenhado no ano anterior mais a variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores.
Além disso, a PEC fixa que 50% dos recursos das emendas parlamentares individuais sejam direcionados à área da saúde. Ao invés de ser um acréscimo ao orçamento, o texto permite que o Executivo contabilize esta verba no percentual mínimo que a União deve aplicar por ano no setor. Atualmente, a Constituição exige que a União gaste em saúde o que foi empenhado no ano anterior mais a variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores.
Para
o presidente do CFM, Carlos Vital, a manutenção destas propostas pode
causar enormes prejuízos à saúde. “Sem ampliar efetivamente os recursos
do setor, veremos mantidos problemas como a superlotação de serviços de
urgência e emergência e a falta de leitos, equipamentos e insumos
hospitalares. Além disso, carência de recursos pode ainda ampliar os
problemas enfrentados pela rede de hospitais conveniada, em especial
filantrópicos e santas casas, que recentemente sofreram com sucessivos
atrasos e falta de pagamentos”, disse.
CONFIRA ABAIXO A ÍNTEGRA DA NOTA:
Brasília, 9 de fevereiro de 2015.
NOTA À SOCIEDADE
Diante
da crise histórica que afeta o financiamento da Saúde no Brasil, com
impacto direto na dificuldade de acesso aos serviços pela população, na
oferta de uma assistência de má qualidade e na desvalorização do
trabalho de médicos e de outros profissionais da área, o Conselho
Federal de Medicina (CFM) vem a público:
1)
Manifestar seu repúdio à aprovação de novas regras para o financiamento
da Saúde, incluídas no bojo da Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
358/13 (chamada de PEC do Orçamento Impositivo), as quais representam
prejuízo irreparável às contas do setor, tornando inócuo o esforço
coordenado pelo Movimento Saúde+10, que apresentou projeto de lei de
iniciativa popular que prevê a destinação de 10% das receitas correntes
brutas da União para o setor. Esta iniciativa, contou com o apoio direto
de mais de 2 milhões de brasileiros e de inúmeras entidades
representativas – como o CFM;
2)
Alertar que a aprovação da PEC 358/13, nos moldes do texto que já
passou pelo Senado e sem os destaques apresentados na Câmara dos
Deputados sobre o financiamento da Saúde, agravará ainda mais a crise
pela qual passa a rede pública. Assim, serão mantidos problemas como:
superlotação de serviços de urgência e emergência; falta de leitos,
equipamentos e insumos hospitalares; existência de uma infraestrutura de
assistência sucateada, sem condições de oferecer condições adequadas de
atendimento e de trabalho; ampliação dos problemas enfrentados pela
rede de hospitais conveniada, em especial filantrópicos e santas casas,
por conta do déficit na Tabela SUS; e a ausência de políticas de
recursos humanos que valorizem e estimulem seus profissionais a
permanecerem no SUS;
3)
Ressaltar que sem a retirada dos pontos que desestruturam as contas da
Saúde enxertados na PEC 358/13, o País ficará refém na Constituição de
um limite orçamentário para a Saúde igual a 15% das Receitas Líquidas da
União, o que corresponde a menos de 8% de suas Receitas Brutas. Além
disto, o Governo Federal poderá descontar deste percentual o valor das
propostas de emendas orçamentárias dos parlamentares (de 0,6 a até 1,2%
das Receitas Federais), o que reduz ainda mais o compromisso público com
o repasse de verbas.
Finalmente,
apelamos aos senhores parlamentares para que atuem em favor da retirada
destes pontos que afetam o financiamento da Saúde, lembrando-os, mais
uma vez, dos enormes prejuízos que a manutenção das propostas incluídas
na PEC 358/13 causarão a todos os cidadãos brasileiros, especialmente a
parcela mais vulnerável e dependente da assistência à saúde oferecida
pela rede pública. Assim, juntamente com a sociedade organizada, o CFM
exige das autoridades e dos tomadores de decisão o real engajamento com
os anseios legítimos da sociedade e a defesa da vida e da saúde, ambos
valores absolutos.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM)
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