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segunda-feira, 16 de março de 2015

Institutos de pesquisa fazem levantamentos sobre o perfil dos manifestantes em Porto Alegre [deu W.A.S.P]

Amostra e Índex realizaram entrevistas com participantes da caminhada que reuniu milhares de pessoas nas ruas da Capital neste domingo

por Carlos Ismael Moreira no Zero Hora

Institutos de pesquisa fazem levantamentos sobre o perfil dos manifestantes em Porto Alegre Ricardo Duarte/Agencia RBS
Foto: Ricardo Duarte / Agencia RBS
A parcela porto-alegrense das manifestações que tomaram conta do país neste domingo passou pelo crivo de duas organizações de pesquisa. Os institutosÍndex e Amostra acompanharam a caminhada  na Capital, que reuniu cerca de 100 mil pessoas pelas ruas, para identificar o perfil dos participantes do protesto.

ÍNDEX

Instituto Índex realizou entrevistas com 766 pessoas que participaram da manifestação. A margem de erro é de 3,6 pontos percentuais para mais ou para menos, com uma margem de confiança de 95%.

Entre os entrevistados, a divisão por gênero ficou praticamente parelha, com 51,2% de homens (392) e 48,8% de mulheres (374). A maior parte dos manifestantes que responderam à pesquisa tem entre 25 e 44 anos (42,3%) e concluiu o Ensino Superior (68,4%).

Chama a atenção o perfil de renda dos participantes. Segundo o levantamento Índex:

—  5% recebem entre um e dois salários mínimos
— 22,7% recebem entre três e cinco salários mínimos
— 31,9% recebem entre seis e dez salários mínimos
— 40,5% recebem mais de dez salários mínimos

Perfil socioeconômico (Índex)

1-2 salários3-5 salários6-10 salários+ de 10 salários

Perfil socioeconômico (Amostra)

1-2 salários3-5 salários6-10 salários+ 10 salários
Na divisão por raça, os brancos respondem por 87,2% dos entrevistados, com apenas 9,9% de negros e 2,9% de pardos. Conforme a pesquisa do Índex, o emprego não está entre as principais preocupações dos entrevistados no protesto realizado na Capital — 73,6% responderam que nenhum integrante de seus domicílios está desempregado.

A corrupção representou por larga margem o principal problema do país de acordo com a pesquisa, com 60,1% das citações, enquanto a administração pública foi a segunda opção mais lembrada, com 8,6% das menções. Além disso, 78,1% dos entrevistados opinou que a corrupção aumentou muito nos últimos quatro anos, durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, e 86,4% consideram o combate à corrupção no Brasil como "não eficiente" e "nada eficiente".

Em escalas de um a cinco para o nível de corrupção, a maioria dos entrevistados apontou o grau máximo tanto para os partidos políticos (76%), quanto para Congresso (73,4%) e para a Presidência da República (71,3%). Em relação ao impeachment de Dilma, 66,3% se disseram favoráveis e 29,8%, contrários.

Os resultados do levantamento do Instituto Índex apontaram que 71% dos entrevistados dizem não ter preferência ou simpatia por nenhum partido político. Por outro lado, 76% responderam ter dado voto ao senador Aécio Neves nas últimas eleições presidenciais.

Para os manifestantes, qual o maior problema no Brasil? (Índex)

CorrupçãoAdministração PúblicaSaúdeViolênciaEducaçãoEducação do povoCriminalidade6050403020100

Hoje, qual sua maior decepção? (Amostra)

Classe políticaPTDilmaBase aliadaDeputados e senadoresNão sabe50403020100
Instituto Amostra também conversou com os manifestantes — foram 400 entrevistas junto à concentração do protesto no Parcão. A margem de erro é de cinco pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Assim como a pesquisa Índex, o número de homens (53,3%) e mulheres (46,8%) que responderam ao levantamento da Amostra foi parecido. Os participantes com idade entre 25 e 44 anos responderam por 42,8%.

A maioria tem Ensino Superior completo (76,3%) e ganha entre cinco e 20 salários mínimos (51,3%). Outros 13,8% disseram receber mais de 20 salários, enquanto apenas 6,3% afirmaram obter até duas vezes o valor básico do emprego formal no país. Por outro lado, 93% discordaram da hipótese de o movimento ser de elite e que os pobres continuam a favor do governo.

Entre os motivos que levaram os entrevistados a participar do protestos, com possiblidade de optar por mais de uma resposta, o combate à corrupção (43,8%) e o descontentamento com o governo (21%) lideraram. 
MudançaCorrupçãoRevolta/ indignaçãoInsatisfação/InconformismoImpeachmentBrasil melhorContra Dilma3020100
*Pesquisa Índex: foram ouvidas 766 pessoas
CorrupçãoDescontentamento com o governoDescaso com o dinheiro públicoImpeachmentContra PTReforma políticaRevolta403020100
*Pesquisa Amostra: foram ouvidas 400 pessoas
O levantamento Amostra mostrou ainda o protagonismo das redes sociais na organização do movimento, com 66,5% dos participantes dizendo terem ficado sabendo da manifestação pelo Facebook e outros 24,8%, por meio de sites na internet.

Sem resposta múltipla, 78,8% dos participantes da pesquisa disseram acreditar que o movimento não pode ter a participação de partidos e políticos, contra 20% que admitem essa possibilidade. 

Com opção de resposta múltipla, embora a decepção com a presidente Dilma Rousseff (28,5%) e com o PT (44%) some a maioria, 56,8% afirmaram estar decepcionados com a classe política como um todo. O levantamento Amostra mostrou ainda o desconhecimento dos manifestantes em relação ao processo de impeachment, com 59% indicando a possibilidade uma nova eleição no caso de a presidente Dilma ser impedida — a constituição prevê que assuma em seu lugar o vice, Michel Temer (PMDB).

Impeachment

Qual o seu posicionamento em relação ao impeachment da presidente Dilma?
FavorávelContrárioNão SabeSem resposta6050403020100
*Pesquisa Índex

Em caso de impeachment, quem deveria assumir a presidência?
Nova eleiçãoMichel TemerOs militaresPresidente da CâmaraOutroNão sabe50403020100
*Pesquisa Amostra

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