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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Corretora, babá e enfermeira

na CartaCapital

A corretagem de seguros é um dos negócios mais pulverizados e concorridos no Brasil. Quase 25 mil empresas e 36 mil corretores individuais – para citar apenas os cadastrados na federação que representa a atividade, a Fenacor – disputam as comissões sobre as vendas de apólices no País. Nesse campo de batalha ainda há espaço para boas ideias se destacarem. Como a de Anderson Murilo Ferreira, fundador da Base Brasil Consultoria de Resultados. Em pouco mais de uma década, sua empresa migrou de uma quitinete no bairro da Liberdade, no centro de São Paulo, para dois andares de um prédio na avenida Paulista. Com direito a duas filiais e três escritórios regionais, o grupo presta serviços que vão muito além de indicar os planos mais baratos a 545 clientes corporativos, o que equivale a um total de 220 mil segurados.

Embora a empresa não se denomine mais uma corretora, quase 100% do faturamento da Base Brasil continua a vir das comissões pagas pelas seguradoras. No ano passado, a receita ultrapassou os 20 milhões de reais. A aparente contradição é justamente o segredo do negócio: os clientes passam a ter o direito a programas de acompanhamento da saúde dos funcionários e de estímulo à prevenção de doenças, sem custo adicional. Com isso, as coberturas dos planos são menos utilizadas e os prêmios pagos pelas apólices caem sensivelmente. Além disso, os departamentos de recursos humanos são assessorados na relação com as seguradoras e outros fornecedores de serviços.
“Estamos em uma área em que as operadoras de saúde não conseguem entrar e as empresas não têm tempo nem estrutura, para cuidar”, resume Ferreira. Ex-funcionário de uma grande seguradora, o empresário estruturou a Base Brasil a partir da observação de lacunas no setor. “Os clientes começaram a ser pressionados por elevações de preços desde que a Lei no 9.656 regulamentou os planos, em 1998. Decidi investir em medicina preventiva e trouxe um médico e um especialista em tecnologia para trabalhar comigo”, conta.

O modelo de gestão e prevenção de doenças desenvolvido pela Base foi patenteado com o nome Método 5A. É um dos responsáveis não só pelo crescimento acelerado da carteira de clientes, mas também pela baixíssima rotatividade – inferior a 1%. “Somos capazes de identificar e controlar patologias em grupos de risco, como diabéticos e hipertensos, além de negociar custos com hospitais e conseguir descontos em medicamentos, entre outros benefícios”, diz Ferreira. O acompanhamento chega a ponto de funcionários receberem ligações diárias para serem lembrados do uso de remédios e de cuidados a tomar no dia a dia. Outro programa oferece frutas aos segurados no meio das manhãs e das tardes, medida que é capaz de melhorar os ânimos dos trabalhadores quando a fome começa a incomodar.

É um engano imaginar que Ferreira já encontrou o modelo ideal de operação. Até 2010, a Base Brasil deverá se tornar uma holding, sob a qual vão operar quatro empresas. A primeira delas, a Anima RH, começou a funcionar no início deste ano, e oferece consultoria a departamentos de pessoal na avaliação e renegociação anual de contratos. Outras duas vão cuidar dos programas de gestão de saúde e oferecer serviços como recrutamento e seleção para empresas. A última vai operar na área de TI, também voltada para assessorar setores de RH, facilitando a integração de informações. “Vamos contar com mais dois sócios e teremos um presidente em cada área”, explica o ex-corretor. “Mas sem perder o nosso foco inicial, que é reduzir os custos de saúde nas empresas e promover a melhora do ambiente organizacional.”

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