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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ipea divulga estudo sobre qualidade de vida

Agência Brasil

Brasília - O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou hoje (14) estudo sobre qualidade de vida e o impacto sobre a seguridade social, com análise sobre as condições de trabalho e benefícios como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Será às 14h30 na sede da instituição.

O estudo é baseado em dados da Organização Mundial da Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e dos ministérios da Previdência Social e da Saúde.

Veja algumas das conclusões divulgadas:

Hábitos modernos têm prejudicado a qualidade de vida do brasileiro

Os hábitos modernos estão baixando a qualidade de vida do brasileiro, fazendo com que ele se apoie precocemente no sistema de seguridade social. A conclusão faz parte do estudo Qualidade de Vida: Suas Determinantes e sua Influencia sobre a Seguridade Social, divulgado hoje (14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que analisou os hábitos da vida moderna, suas precárias condições de trabalho, e como esses determinantes influenciam na seguridade social, como o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez.

Segundo o estudo, o Brasil precisa buscar alternativas tanto de sistema previdenciário como de hábitos cotidianos que permitam uma melhor qualidade de vida do cidadão e um menor gasto da seguridade social, principalmente da Previdência.

Ao desagregar as causas de mortes e comparar os dados brasileiros com os demais países selecionados, o Ipea observou que os neoplasmas, que abrangem todos os tipos de câncer, e as doenças do sistema cardiovascular e circulatório (angiologia e cardiologia) são os responsáveis pela maior parte das mortes nesses países, em 2003, encabeçado pelas doenças crônicas cardiovasculares

As doenças crônicas como um todo – principalmente as cardiovasculares – foram as grandes responsáveis pelas mortes no início do século 21, no Brasil e nos demais países do Continente Americano e na Europa, também abordados no estudo a título de comparação.

Segundo projeção apresentada no estudo do Ipea, há uma expectativa de que ocorram elevações preocupantes dessas doenças em países como o Brasil e o México, apesar de, nas próximas décadas, haver expectativa de queda em alguns países europeus e na Argentina.

As projeções para 2030 apresentam um quadro diverso. A Espanha tem uma projeção de queda de 0,58%, e o Chile, com projeção de aumento de 0,90%. Para o Ipea, esse cenário é considerado "relativamente constante". Portugal apresenta expectativa de queda, enquanto o Brasil apresenta uma projeção de aumento de mortes causadas por doenças crônicas, passando dos atuais 72,1% para 75,8%.

Por outro lado, ao focalizar a análise no Brasil no período entre 1979 e 2004, o Ipea verificou queda forte (57,12%) na incidência de doenças transmissíveis e aumento na incidência de câncer (66,67%) e doenças do sistema nervoso (40,01%).

Segundo o Ipea, “a queda na incidência de doenças transmissíveis tende a estar correlacionada ao aumento de saneamento básico, elevadas taxas de vacinação encabeçadas por políticas públicas”. Já as doenças do sistema subcutâneo e conjuntivo, do sistema nervoso, do sistema digestivo e as ligadas ao sistema endócrino-metabólico aumentaram pelo menos 40,01% ao longo desses 25 anos.

Essas doenças não transmissíveis fazem parte do grupo de doenças crônicas não transmissíveis. Elas têm aumentado decorrente de diversos fatores, principalmente os de natureza comportamental, como dietas, sedentarismo, dependência química de tabaco, álcool e outras drogas.

Investimento em qualidade de vida pode reduzir gastos da Previdência

Quase 60% dos benefícios de seguridade social concedidos pela Previdência Social são para pensão por morte ou por doenças incapacitantes. Com isso, a solução para os problemas da Previdência não deve estar centrada apenas na questão do tempo para o trabalhador se aposentar, avalia o chefe da Assessoria Técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Milko Matijastic, ao divulgar hoje (4) o estudo Qualidade de Vida: Suas Determinantes e sua Influência sobre a Seguridade Social.

Para Matijastic, a discussão sobre a questão do deficit previdenciário deve se direcionar também para os problemas que interferem na qualidade de vida da população. “Se quisermos melhorar as condições da Previdência Social precisamos ter em mente que é pouco relevante discutir idade mínima para a aposentadoria, uma vez que 60% dos benefícios são concedidos a pessoas antes mesmo de elas atingirem essa idade. Muito disso se deve à falta de qualidade de vida em três ambientes: o do trabalho, o da rua [urbano] e o da moradia”, disse.

Segundo o pesquisador do Ipea, o estudo mostra que os investimentos nesses setores favorecem para uma Previdência Social mais eficiente. “Portanto, investir em faixas de pedestres, postos de saúde, saneamento, habitação, ou mesmo diminuir o número de carros nas ruas ou a carga horária semanal de trabalho, certamente trariam mais benefícios à Previdência Social, reduzindo seus gastos, do que aumentando a idade mínima para aposentadoria”, afirmou.

Uso de auxílio-doença aumentou 33,7% entre 1992 e 2007

O estudo Qualidade de Vida: Suas Determinantes e sua Influência sobre a Seguridade Social, divulgado hoje (14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), constatou que, entre 1992 e 2007, o número de contribuintes que usufruíram de auxílio-doença no Brasil aumentou em 33,7%, passando de 26,15% para 34,96%.

Situação inversa foi registrada pelo Ipea entre as pessoas que se enquadram como “não contribuintes”. No mesmo período (1992 a 2007), foi registrada queda de usuários do auxílio-doença, tanto para os que residem em região metropolitana (-14,46%) como para os que residem em região não metropolitana (-26,22%).

No mesmo período, os contribuintes que residem em regiões não metropolitanas passou de 17,7% para 22,46%. Um aumento de 26,92%.

Apesar de as mulheres terem mais doenças crônicas do que os homens, elas utilizam menos o benefício auxílio-doença do que eles. A constatação faz parte do estudo Qualidade de Vida: Suas Determinantes e sua Influência sobre a Seguridade Social, divulgado hoje (14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Segundo o estudo, tanto entre os contribuintes como entre os não contribuintes, a ocorrência de incapacidade laboral é maior nas mulheres do que nos homens. E em ambos os casos é maior entre os não contribuintes.

O Ipea constatou que, entre 1998 e 2003, houve aumento na incidência da incapacidade laboral entre os homens contribuintes, passando de 4,02% para 4,37%, e também entre as mulheres, cujo índice passou de 5,87% para 6,28%.

A situação entre os não contribuintes se manteve estável, tanto entre homens (5,35%) como entre mulheres (7,2%).

Apesar de terem mais doenças crônicas, mulheres utilizam menos auxílio-doença

Apesar de as mulheres terem mais doenças crônicas do que os homens – 36,3% delas têm doenças crônicas contra 29,4% dos homens –, elas utilizam menos o benefício auxílio-doença (22% das mulheres e 25,5% dos homens).

Segundo o estudo, isso deve ocorrer devido ao fato de os homens, em geral, serem mais estáveis no trabalho e, consequentemente, na contribuição.

A maternidade tende a ser, para as mulheres, um momento de instabilidade no trabalho, já que o período de gravidez e os primeiros anos pós-nascimento da criança são períodos nos quais as mães tendem a se afastar do trabalho, fazendo uso da licença-maternidade.

Isso, segundo o Ipea, pode vir a resultar em demissão após a volta da licença. Por conseguinte, a contribuição também tende a ser instável.

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