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sábado, 7 de novembro de 2009

Qualidade e quantidade na Academia

Mario Abramo no blog do Nassif

Trechinho da entrevista com o Mário Schemberg(Publicada em julho/agosto de 1984) que se não me engano o Cherubine postou há algum tempo:
“O sistema atual não visa estimular a criatividade do aluno, mas sim a sua produção. Aliás, tive uma experiência interessante quando estive nos Estados Unidos em 1940, trabalhando com o professor George Gamow. Era um russo de formação européia, tinha horror à Universidade norte-americana, e me preveniu; não vá muito à universidade daqui, não é recomendável, pois a pessoa é promovida pelo peso de suas publicações, e não pelo seu peso científico. Achava que isso se devia ao fato de serem, em geral, universidades particulares, e que os boards of trustees, formados por homens de negócio, cultivavam a idéia de produção sem pensar na qualidade. O critério para promoção, para a renovação de contrato, era o número de trabalhos. Esse critério qualitativo foi introduzido no Brasil pela reforma universitária que, como se sabe, é conseqüência do acordo MEC-USAID. Um físico americano famoso fez uma defesa da universidade nos EUA dizendo que o país tinha necessidade de formar 50.000 engenheiros por ano, não necessariamente os melhores do mundo, para manter o desenvolvimento industrial. Quando queriam alguém de grande capacidade, contratavam na Inglaterra, onde a organização universitária permitia formar, por ano, os duzentos melhores engenheiros do mundo. Essa era a filosofia dominante: aplicavam no ensino os métodos industriais. Esse sistema foi transplantado para cá, fazendo tábua rasa de toda uma tradição universitária brasileira que já existia e que talvez fosse mais adaptada ao Brasil do que aquela que foi instituída. Estou convencido de que a Universidade de hoje é uma instituição em vias de desaparecer. Ou então será uma coisa inteiramente diferente. Terá que ser reformulada, repensada, certos objetivos deverão ser redefinidos.”

http://www.canalciencia.ibict.br/notaveis/txt.php?id=71

Psé, como a Anarquista, o Marcelo W e outros, essas distorções ocorrem por causa do “publish or perish”. Mas essa é uma tendência mundial. Não dá muito pra ser parrudo e encarar de frente.
Mas bem que a CAPES podia começar a enxergar um pouquinho mais longe… e não com essa mentalidade contabilista.
O grande problema do plágio científico é que a evolução acadêmica depende disso, implicando inclusive em acesso a cargos. A fraude não é cometida apenas contra o plagiado, lesado em seu direito autoral, mas também contra toda a sociedade, como ato de falsidade ideológica.

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