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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Sem documentos, grávida tem bebê em espera de hospital

Portal Terra

SANTOS - Uma mulher grávida de 9 meses deu à luz dentro de uma sala de espera da maternidade municipal Silvério Fontes, em Santos, no litoral sul paulista, nesta quarta-feira. Josete da Silva havia esquecido seus documentos e não pode ser internada. Um familiar dela gravou o parto pela câmera do celular. As informações são Jornal Hoje.

O pai da criança contou que a médica só apareceu depois do nascimento para cortar o cordão umbilical. A menina é o terceiro filho do casal. Ainda de acordo com o telejornal, prefeitura informou que irá abrir sindicância para apurar um suposto caso de negligência

COMENTÁRIO: Esta semana estou fora de Curitiba em um curso na Regional de Saúde de Maringá (PR). Hoje à tarde a gente estava discutindo a questão da "regulação em saúde". O curso é quase todo baseado em problematização. Então a gente pega uma história relativa a uma situação que ocorreu com algum paciente e o grupo discute o qual atitude seria melhor no encaminhamento do problema.

O caso estudado hoje foi o do "Seu" João, um paciente renal que apareceu "de paraquedas" para ser dializado em um município vizinho ao seu em uma clínica onde ele não era cadastrado.

Invariávelmente os alunos, nas diversas oportunidades em que pude discutir o caso, levantam uma série de questões que consideram importantes, tais como:

  • O cadastro do médico que atendeu o "Seu" João estava desatualizado, o que o impediria de ter encaminhado o "Seu" João para diálise
  • O "Seu" João estava cadastrado em outro serviço em cidade diferente, o que significa, em resumo, que "ele não tinha que estar lá".
  • A dificuldade que o gestor do SUS teria para conseguir pagar um atendimento (diálise) que não estava programado...
Nestas horas eu costumo lançar a pergunta:
"Destas coisas que foram discutidas aqui, qual é aquela que é realmente importante?"
Hoje à tarde eu vibrei quando a turma respondeu:
"É o paciente!!!"
A "coisa" mais importante dentro de um sistema de saúde tem que ser o seu usuário.
As outras "coisas" tais como normas, portarias, protocolos, burocracias, prestações de contas, lei de responsabilidade fiscal, cartão SUS, cadastros, programações, pactos e tudo o mais, NÃO SÃO UM FIM EM SI MESMO, MAS SÃO INSTRUMENTOS DE TRABALHO QUE NOS PERMITEM ATENDER MELHOR O NOSSO USUÁRIO (pelo menos deveriam ser).

Uma mãe deu à luz dentro da sala de espera de uma maternidade municipal em Santos por que estava sem seus documentos...

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