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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Cheiro de sushi no Planalto central: Empresa do PR ganhou licitação de R$ 21 milhões no DF

André Gonçalves, correspondente da Gazeta do Povo

Brasília - Uma empresa de Curitiba lidera desde 2008 o consórcio vencedor de uma licitação de R$ 21 milhões na área de informática com a Trans­­­­­­porte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), que gerencia o sistema de ônibus coletivo de Brasília. A DFTrans é dirigida desde 2007 pelo paranaense Paulo Henrique Barreto Munhoz da Rocha, filmado recebendo uma suposta propina de R$ 20 mil em dinheiro do ex-secretário distrital de Relações Institucionais Durval Barbosa – o denunciante do mensalão do DF.

No contrato, a paranaense Mi­­­­nauro Informática é parceira das brasilienses JFM Informática e Voxtec Engenharia e Sistemas. Cada uma administra um terço do serviço licitado – que, pelo contrato, acaba em janeiro.

O setor de informática é considerado o principal alimentador do mensalão que atinge a cúpula do governo do Distrito Federal, mas nenhuma das empresas do consórcio foi citada até agora nas investigações da Operação Caixa de Pan­­­dora, da Polícia Federal.

Ontem, porém, uma reportagem do jornal Correio Braziliense mostrou que um dos supostos operadores da distribuição de propina no Distrito Federal era o policial civil aposentado Marcelo Toledo Wat­­son – sócio de 33% da Voxtec na época da licitação, em dezembro do ano passado.

Watson aparece em uma das filmagens feitas por Durval Bar­­­bosa entregando dinheiro ao ex-assessor de imprensa do governo do DF Omézio Pon­­­­­tes. Na mesma filmagem, o empresário diz a Barbosa que o vice-governador Paulo Octávio (DEM) precisa de mais dinheiro para bancar campanhas políticas de prefeitos – em 2008 houve eleições municipais.

Tanto Munhoz da Rocha quanto Watson são citados por Durval Barbosa em depoimento ao Ministério Público Federal sobre o caso. Barbosa afirmou que a propina entregue a Munhoz da Rocha era “decorrente de contratos na área de informática para execução de atividades relativas ao órgão que dirige (a DFTrans)”. O ex-secretário, contudo, não cita o nome da empresa que teria oferecido o dinheiro.

De acordo com o diretor da Mi­­­­nauro, Ricardo Martins, a empresa não tem qualquer ligação com as atitudes de Munhoz da Rocha e Watson. Ele explica que a Minauro fez parte do consórcio porque foi convidada pela JFM. “Na época, as duas empresas estavam limpas no mercado; não tínhamos por que não aceitar.”

Ele conta que a Minauro atua há 20 anos na prestação de serviços de informática, apenas para entidades públicas. “Temos uma história longa, mas essa é a primeira vez que trabalhamos no Distrito Federal.” Entre os demais clientes listados por Martins estão os municípios de Teresina, Porto Alegre, São Paulo e os estados de Alagoas, Sergipe, Pernambuco e São Paulo.

A Minauro trabalhou ainda para as administrações de Jaime Ler­­­­ner no governo do Paraná (1995-2002) e Cassio Taniguchi na prefeitura de Curitiba (1997-2004). Antes de assumir a DFTrans em Bra­­­­sília, Munhoz da Rocha também foi colaborador das duas gestões.

Segundo Martins, porém, a Mi­­­­nauro nunca teve qualquer contrato com um órgão administrado por Munhoz da Rocha antes da licitação na DFTrans. “É muito importante ressaltar que sempre trabalhamos limpo.” Munhoz da Rocha vem sendo procurado pela reportagem da Gazeta do Povo para falar sobre as denúncias há 12 dias, mas nunca quis se pronunciar.

Um comentário:

  1. A Minauro, diga-se também SISTEPLAN, PERFORM, todas são de um só proprietário. E todas fazem rolo com dinheiro publico. Como diz Ricardo Martins, 20 anos no serviço publico, ou 20 anos de chunchos, roubos e super faturamento. No paraná eles são proprietarios dos radares ainda.
    Cadê a PF, esses homens roubam o patrimonio publico desde primeiro mandato de LERNER na PMC.
    O Paraná exportando tecnologia de desvios.

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