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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

''Não me sinto furando a fila, o sistema era injusto comigo''

transcrito do sítio do IDISA

Há algumas semanas, o economista Mário Fernando Lima Júnior, de 48 anos, festejou os 15 anos da filha Fernanda encantado com o fato de estar vivo.

No início da década, Lima Júnior consultou um médico no Recife e descobriu ter colangite esclerosante, doença que destrói canais condutores da bile no fígado, inviabilizando uma vida normal. Os especialistas lhe deram alguns anos de vida se não fizesse transplante. "Fiquei apavorado."

Nos últimos anos, Lima Júnior perdeu muito peso, não tinha mais energia para nada e sofria com pruridos terríveis, consequência da doença. Inscrito na lista do fígado, tinha pouca esperança de trocar o órgão. O resultado de seu Meld (modelo que indica gravidade da doença) era 15 e os médicos avisaram que só com 30 teria chances de obter a cirurgia. "Nesses casos, o Meld só reage quando o fígado para, mas aí o paciente já morreu."

Junto com a equipe que o atendeu no Recife, coordenada por Claudio Lacerda, da Universidade Federal de Pernambuco, Lima Júnior decidiu fazer um pedido de prioridade à Câmara Técnica de Fígado do Ministério da Saúde. Mas não houve consenso e o grupo de especialistas indeferiu.

Resolveu então recorrer ao Judiciário. Na primeira instância, o pedido também foi negado, mas o Tribunal de Justiça de Pernambuco reformou a decisão e determinou o transplante. "O dia 5 de julho de 2008 foi meu segundo renascimento. Acordei na UTI e a primeira coisa que notei é que não estava mais me coçando. Eu não me sinto furando a fila. O sistema é que era injusto comigo. O que eu fiz foi buscar a Justiça. Acho injusto o critério dessa fila."

Com base no caso de Lima Júnior, Lacerda instruiu uma paciente com problemas financeiros e em situação semelhante a buscar amparo judicial em uma ONG. Welligtânia Portela, de 42 anos, também tinha Meld baixo, mas nenhuma qualidade de vida. Portadora de uma síndrome que obstrui vasos do fígado, chegou a pesar 34 quilos e passou a acumular grande quantidade de água na barriga, quadro chamado ascite. "É como se o fígado suasse", diz Lacerda, que costuma levar as fotos da pacientes antes e após transplante para congressos para questionar o modelo. "Na minha barriga não tinha mais espaço para água. Eu olhava da minha cama as folhas da árvore e pensava se viria aquela imagem no outro dia." Também no ano passado a dona de casa fez o transplante. "Agradeço todos os dias por ver as folhas."

Também por ordem judicial, outro paciente de Lacerda conseguiu fazer o transplante: Khefren Belém, de 25 anos, tinha um tipo de câncer raro que no critério atual não recebe pontuação especial. "Terminou a faculdade, passou na OAB. Veja quanto teria perdido se ele não tivesse transplantado", diz sua mãe, Mônica, de 48 anos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Um comentário:

  1. Oi, o meu pai tem a mesma doença que e tambem está na fila do transplante. Gostaria muito de ter o contato de Mário Fernando Lima Júnior para saber como que embasamento juridico ele conseguiu a operação.
    Por favor se souber alguma forma de falar com ele me mande um e-mail: rochalucila@hotmail.com
    Grata, Lucila

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