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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O rádio na tela e no papel

Tetê Mattos: em A Maldita, diretora carioca resgata a história da Rádio Fluminense, pioneira da geração rock

Livro e filme que serão lançados hoje tratam do veículo de comunicação que teima em existir

Cristiano Castilho na Gazeta do Povo



Em tempos de Twitter, Orkut, Facebook e outros meios mais impessoais de comunicação, dois produtos culturais resolvem resgatar o poder do rádio. O veículo que ainda sobrevive – sem agonizar, diga-se – é o tema do livro O Som das Ruas, do jornalista e professor Luiz Witiuk, e de A Maldita, documentário de Tetê Mattos. Ambos serão lançados hoje em Curitiba.

O livro trata do radiojornalismo produzido na capital paranaense atualmente e é fruto de uma tese de mestrado do catarinense Luiz Witiuk. Morador de Curitiba há 20 anos, Witiuk é ex-radialista da Rádio Clube Paranaense – extinta em 2008 – e também professor da Universidade Positivo.

“Foi uma pesquisa sobre o radiojornalismo que se faz hoje em Curitiba. Quais seriam suas formas de apresentação, suas funções? A primeira preocupação foi ver quantas emissoras nós tínhamos”, diz Witiuk. Atualmente, de acordo com sua pesquisa, são 30 rádios, mas só 17 demonstraram interesse em colaborar com o estudo. Deste universo, só nove fazem transmissões que tem algum viés jornalístico e cinco produzem conteúdo autoral – cerca de 16% do total.

O livro matou a curiosidade inicial de Witiuk: descobrir como o radiojornalismo era realizado em Curitiba. “Há livros na área, mas são referentes à história e a personagens. Descobri aí uma oportunidade de olhar mais para dentro e buscar alguma reflexão”, explica o professor.

E o saldo depois de terminada a obra é o sentimento de que falta algo, embora o que seja produzido esteja de acordo com as circunstâncias. “Em termos de amplitude está aquém do ideal, mas existe, sim, um bom radiojornalismo em Curitiba. Há profissionais qualificados, mas são poucos, porque poucas são as emissoras. Mas a cobertura não atende a demanda e há muita coisa que acontece que fica sem a cobertura devida”, conta o jornalista.

A Maldita

O intertítulo acima era sinônimo de Rádio Fluminense na década de 1980. A rádio, fundada em 1982, teve fundamental importância na divulgação de bandas então emergentes – como Paralamas do Sucesso, Titãs e Legião Urbana – e na ousadia, ao romper com os padrões de mercado para promover também grupos estrangeiros de rock. A Maldita também é o título do documentário que conta essa história, dirigido pela fluminense Tetê Mattos.

“Junto com o Circo Voador, a rádio fazia uma dobradinha. Ela foi a primeira a receber fitas dos grupos de rock da época e a primeira a ter locutoras femininas. Tinha característica muito libertária e irreverente”, explica Tetê, vencedora do Prêmio Melhor Curta – Júri Popular no Festival do Rio, em 2007.

Foram dois anos rodando o curta-metragem e 21 entrevistados, entre músicos, produtores e ouvintes da época.

A vanguarda paulistana – movimento musical do qual participou o paranaense Arrigo Barnabé –, também tinha destaque na programação da Rádio Fluminense, assim como “novidades” advindas do exterior. “Um dos produtores era também comissário de bordo e, quando ia para Londres, sempre voltava com vinis”, conta.

A rádio existiu por 12 anos, entre 1982 e 1984. Foi reaberta por um curto período no final dos anos 1990 e a origem de seu apelido – A Maldita – não é revelado pela diretora. “Mas é explicado logo no começo do filme”, provoca Tetê.


Serviço

Confira a seguir mais informações sobre os eventos de lançamento de O Som das Ruas e A Maldita

- Lançamento do livro O Som das Ruas, de Luiz Witiuk. Cinemateca de Curitiba (R. Pres. Carlos Cavalcanti, 1.174), (41) 3321-3252. Dia 9 às 19 horas.

- Exibição do documentário

A Maldita, de Tetê Mattos, e posterior debate. Cinemateca de Curitiba (R. Pres. Carlos Cavalcanti, 1.174), (41) 3321-3252. Dia 9 às 20 horas.

- Ambos os eventos têm entrada franca.


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