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domingo, 6 de dezembro de 2009

Obama pede que democratas resolvam diferenças e agilizem reforma da saúde

María Peña. Washington, 6 dez (EFE).-

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi hoje ao Capitólio para pedir aos democratas que superem suas diferenças sobre a "histórica" reforma no sistema de saúde, em um momento em que as disputas partidárias colocam em risco sua aprovação antes do fim do ano.

Em uma inusitada visita no domingo ao Senado, e talvez por ser um tema sobre o qual investiu grande capital político, Obama se reuniu por 45 minutos com a bancada democrata para analisar as formas de resolver as disputas sobre o plano de reforma.

Acompanhado pelo vice-presidente, Joseph Biden, Obama não fez declarações à imprensa ao sair da reunião a portas fechadas, no segundo dia de um fim de semana repleto de disputas no plenário do Senado.

Mas a mensagem de urgência foi clara: as repercussões de uma derrota seriam graves, porque se trata da "legislação social mais significativa em décadas", segundo afirmou o senador independente Joe Lieberman.

O porta-voz da Casa Branca Bill Burton disse aos jornalistas que Obama "agradeceu aos líderes do Senado por seu árduo trabalho até agora e os encorajou a continuar avançando rumo a esta histórica oportunidade" de reformar o sistema de saúde.

A reforma sanitária - a primeira em quase 70 anos - dará "estabilidade e segurança aos americanos que já têm seguro médico, tornará mais acessível a cobertura médica a quem não o têm e reduzirá os custos de saúde para as famílias, pequenos negócios e o Governo", disse Burton.

Só que a maioria dos republicanos e alguns democratas moderados, mantêm uma frente unida contra a versão que o Senado começou a debater na segunda-feira, porque consideram que é muito cara, piorará mais o déficit e é outra ingerência do Governo.

A opção pública, que permite a participação voluntária dos estados em "troca de seguros" subsidiado e administrado pelo Governo e o financiamento do aborto em certas circunstâncias são os assuntos mais espinhosos no debate.

Após a reunião com Obama, o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, rejeitou as críticas republicanas sobre a suposta falta de transparência no processo e pediu sua colaboração.

"Dez, 40 anos mais tarde, o povo olhará para trás sobre o que o país fez" para quem não tem cobertura médica, advertiu Reid, e acusou os republicanos de serem "destrutivos" e de viverem "em um universo paralelo".

Mas os senadores Mary Landrieu e Ben Nelson, dois dos democratas moderados e peças-chave no voto final, deixaram entrever que a reunião de Obama não conseguiu convencê-los nem dissipar suas dúvidas.

O plano de reforma, sujeito a modificações, prevê dar cobertura a cerca de 31 milhões de americanos adicionais, reduzir os custos de saúde e proibir que as seguradoras neguem cobertura, ou cobrem mais, por condições médicas preexistentes.

Os republicanos continuaram atacando hoje a reforma, que abrange 2.074 páginas e tem um custo de US$ 848 bilhões em um prazo de dez anos.

O líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, ressaltou o fato de a reunião de Obama ter sido somente com democratas e disse que isso demonstra o "unipartidarismo" do processo.

A meta de Reid é submeter a votação a reforma antes do recesso natalino, algo que não está claro que acontecerá, porque não tem os 60 votos necessários do total de 100, para impedir táticas dilatórias de seus detratores.

Sob as regras parlamentares, da minoria, os republicanos podem bloquear uma moção para limitar o debate e proceder ao voto definitivo que, nesse caso, só requer uma maioria simples.

Para se transformar em lei, a versão do Senado tem que se harmonizar com a que foi aprovada pela Câmara de Representantes no mês passado.

Sem esperar a ação do Congresso, estados como Iowa, Massachusetts, Maine, Minnesota, Vermont e Carolina do Norte adotaram suas próprias reformas nos últimos anos.

A senadora democrata Dianne Feinstein reconheceu hoje que uma derrota da reforma traria graves repercussões para a reeleição em 2010 de muitos democratas, já preocupados pelo impacto da crise econômica, do déficit e da crescente oposição à guerra no Afeganistão. Seria igualmente devastadora para Obama, que chegou ao poder graças, em parte, a sua promessa de reformar o sistema de saúde. EFE mp/pd

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