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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Promotora teria recebido propina de R$ 1,6 milhão

na revista Época

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-secretário de Relações Institucionais do governo Arruda, Durval Barbosa, disse ter pago propina à promotora de Justiça Deborah Guerner no valor total de R$ 1,6 milhão, sempre com dinheiro em espécie. Segundo Durval, o dinheiro foi entregue por ele à promotora em quatro ocasiões e se destinava a pagamentos para o Ministério Público autorizar a prorrogação de contratos com empresas de coleta de lixo e a liberar a realização de obras supostamente irregulares. No depoimento, Durval afirma que Deborah lhe dizia que iria dividir o dinheiro com o procurador-geral de Justiça do Distrito Federal, Leonardo Bandarra. Durval disse que nunca tratou desse assunto com Bandarra.

De acordo com Durval, o pagamento de propina a Deborah começou em 2005, no governo Joaquim Roriz. Ele disse ter conhecido Deborah por intermédio de Cláudia Marques, então assessora especial de Roriz, depois mantida no cargo pelo governador José Roberto Arruda. Cláudia Marques também prestou depoimento. Ela confirmou todas as denúncias contra Deborah feitas por Durval.

No depoimento, Durval contou que foi a promotora Deborah quem lhe deu um celular para uso exclusivo para conversas com ela. E não o contrário, conforme havia publicado ÉPOCA com base em informações de investigadores. O aparelho foi encaminhado para perícia no Instituto Nacional de Criminalística da PF.

Em nota divulgada dia 2 de dezembro, o procurador Leonardo Bandarra afirmou que nunca autorizou a promotora Deborah e nem ao marido dela, o empresário Jorge Guerner, a falarem em seu nome. Ouvida por ÉPOCA, Deborah disse que nunca recebeu dinheiro de Durval.

ÉPOCA ouviu investigadores com vasta experiência em inquéritos sobre os depoimentos de Durval Barbosa e de Cláudia Marques à Polícia Federal. Eles os avaliaram como superficiais para uma investigação com qualidade – nos dois depoimentos faltaram perguntas e respostas óbvias em qualquer apuração. Por exemplo, Durval disse que em quatro ocasiões entregou dinheiro à promotora Deborah Guerner. Cláudia confirmou. Mas nenhum dos dois disse quando isso aconteceu, como foi feita a entrega do dinheiro e onde isso ocorreu. Na avaliação dos especialistas ouvidos por ÉPOCA, Durval e Cláudia Marques terão que prestar novos depoimentos.

Na semana passada, o Superior Tribunal de Justiça ( STJ) desmembrou a investigação sobre os promotores de Brasília. As denúncias contra Deborah agora serão investigadas pelos procuradores que atuam no Tribunal Regional Federal. Já o suposto envolvimento de Bandarra, que tem foro privilegiado, continua sendo apurado pelo STJ.

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