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domingo, 21 de fevereiro de 2010

Bolsa Família??? Prá que??? É assistencialismo!



Sandra Mara e seus cães: arquiteta gasta R$ 1 mil por mês com seus oito animais de estimação

Brasileiro gasta, em média, R$ 350 por mês com seus animais de estimação. Em Curitiba, eles estão em 55% dos lares
na Gazeta do Povo
O brasileiro não economiza quando se trata dos seus bichos de estimação. Cães e gatos, que cada vez ganham mais espaço nos lares brasileiros, também estão ampliando sua presença nos gastos das famílias. Uma pesquisa da Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais (Anfalpet) mostra que a despesa média mensal do brasileiro com seus pets é de R$ 350 – o que equivale a quase 70% do salário mínimo, hoje em R$ 510.
A “mesada” vai para bancar custos como banho, tosa, alimentação e medicamentos, além de outros mimos, como acessórios e roupas. Em algumas famílias – principalmente as que têm mais de um animal – as despesas po dem chegar a cifras próximas de R$ 1 mil. Um exemplo é a arquiteta e decoradora Sandra Mara Serpe Horlle, que tem oito cães. “Tí nhamos nove, mas um deles faleceu em setembro do ano passado. Fomos cruzando os animais e daí tínhamos pena de nos separar dos filhotes”, diz. A família canina inclui exemplares das raças maltês (Lilly Maria, Billy Chico, Cindy Carolina e Lyla Francine), yorkshire (Átila Augusto e Sushi Pedro), scottish terrier (Elga Regina) e poodle (Melanie Cristina). A conta: R$ 1mil por mês, gastos nos banhos semanais, na ração, e em mimos como roupinhas da estação, paticure (a manicure dos pets), enfeites, roupas de cama e brinquedos.
A dona de casa Maria Brogiato Panizza desembolsa cerca de R$ 85 por semana somente com o banho das shi-tzu Mila, de oito anos, Meyllin, de sete, e Felícia, de seis, além de R$ 300 com a ração, que dura cerca de seis meses. “Elas são como um membro da família. A gente cuida como se fosse filho.”
O consumo de produtos ligados a pets, como rações, medicamentos, acessórios, equipamentos e serviços, já gera um faturamento anual de R$ 9,1 bilhões no Brasil. No ano passado o setor cresceu em torno de 3% e para esse ano espera-se um avanço de até 5%.
No mercado de alimentos para pets, a participação mundial brasileira, hoje em 6%, deve crescer para algo próximo de 8% nos próximos dois anos, segundo Alfredo Capato Roldan, gerente de marketing da Anfalpet. A indústria farmacêutica também prevê avanços dentro do setor. De acordo com Luiz Luccas, presidente da Co missão de Animais de Companhia (Comac) e diretor da Merial Saúde, o mercado brasileiro vem crescendo a taxas de 5% a 7%. “Podemos chegar a um crescimento de 7% a 10% nos próximos anos, com o advento de novas tecnologias para prolongar a vida dos animais, combater o envelhecimento e doenças como depressão, obesidade e câncer.”
Hoje, 44% dos lares brasileiros possuem pelo menos um cão ou gato, segundo levantamento Radar Pet 2009, estudo inédito que mapeou esse mercado nas principais capitais brasileiras. Em Curitiba, o porcentual de residências com pets é ainda maior: 55%. De acordo com a pesquisa, os animais de estimação estão concentrados principalmente em domicílios das classes A e B – com participação de 52% e 47% respectivamente.
O crescimento do número de lares com bichos de estimação também fez aumentar significativamente o número de pet shops – estima-se que sejam perto de 40 mil em todo o Brasil. Dono do pet Essência do Cão, no Bigorrilho, Alexandre Brey inaugurou uma nova unidade no Água Verde há seis meses. “Crescemos 30% em 2009 e devemos crescer o dobro disso em 2010”, diz. “Há muita concorrência, até porque o investimento para abrir um pet é baixo (em torno de R$ 20 mil). Mas mesmo assim há espaço para todos”, acrescenta Marcio Alessandro de Moraes, proprietário do Pet Happy, no Rebouças. De acordo com ele, somente no raio de um quilômetro do seu negócio funcionam mais sete pets.
De tudo
O montante gasto com cães e felinos, no entanto, alimenta um mercado que vai muito além dos petshops. Clínicas veterinárias, sites de relacionamento – existe até o Orkutcão –, cemitérios e até operadoras de turismo se voltaram para esse mercado. A Dog Tour, de Curitiba, foi a pioneira a oferecer pacotes de viagens rodoviárias para donos e seus “filhos de pelo”, como costuma definir uma das sócias da agência, Maria Eugênia Bertoldi. A ideia de criar uma operadora para esse mercado surgiu da antiga proprietária, que tinha dificuldade para levar sua poodle Flavinha nas suas viagens.
Um pacote de viagem de um fim de semana para o dono e seu animal para Santa Catarina ou Paraná sai por cerca de R$ 1 mil. “Temos muita demanda e os hotéis agora começam a despertar para essa realidade. Muita gente simplesmente deixa de viajar se não puder levar seus cães”, conta Maria Eugênia. Com previsão de crescer 30% em 2010, a empresa pretende passar a oferecer um roteiro aéreo, provavelmente para o Nordeste, ainda este ano. Também nos planos futuros está a adoção de um modelo de franquia para levar a iniciativa para outros estados.
Plano de saúde e ofurô
O mercado de planos de saúde para pets é outro que começa a ganhar fôlego. Em Curitiba, algumas clínicas oferecem pacotes com direito a cobertura de consultas, exames, vacinas e check-ups. “É uma forma de fidelizar os clientes, que por sua vez têm mais tranquilidade na hora de cuidar do seu bicho de estimação”, diz a médica veterinária Renata Guimarães, sócia da clínica Unisa. Segundo ela, a procura maior é por pacotes trimestrais, com preços que variam de R$ 25 a R$ 40.
Renata diz que o comportamento dos donos em relação aos seus bichos mudou muito nas últimas décadas. “No passado era comum a cachorrinha ter filhotes sozinha, em casa mesmo. Hoje é raro um parto que não tenha pelo menos o acompanhamento, ainda que por telefone, de um médico.” Um parto normal assistido pode custar entre R$ 200 e R$ 400. Já uma cesariana pode variar de R$ 600 a R$ 900. Grandes operadoras também começam a atuar nesse segmento. A Porto Seguro criou um plano de saúde canino vendido junto com o seguro residencial.
Parte do crescimento do mercado de pets nos últimos tempos se deve a um fenômeno que os veterinários batizaram de “humanização” dos pets. Donos que estabelecem um vínculo tão forte com seus animais que passam a tratá-los como “gente”, explica o médico veterinário Marcelus Sanson, dono na clínica Clinivet. “A mudança no ritmo de vida nas cidades, o aumento da violência e o distanciamento nas relações pessoais aumentaram o vínculo afetivo com os animais. Até boa parte da década de 90, o cão e o gato viviam no quintal e se alimentavam principalmente das sobras de comida. Hoje é muito diferente”. Segundo ele, há uma preocupação maior com a saúde, a alimentação e o bem-estar dos animais. Mas esse fenômeno também vem gerando alguns exageros, na opinião dos médicos. “É preciso cuidado para não subverter a identidade dos animais. Nesse caso ele pode até mesmo desenvolver doenças”. Mas muitos donos ignoram as críticas e não economizam nos mimos, que vão desde sessões de ofurô – que podem custar de R$ 30 a R$ 65 – a escolas de recreação, decoração de quartos, joias, perfumes e roupas de grife. Na Woof! Pet Boutique, alguns donos chegam a gastar R$ 2 mil em uma compra, diz a proprietária Mariana Lucca. A loja, inaugurada há um ano, também organiza eventos especiais, como o bloco de carnaval para cães. “A fantasia de cachorro quente foi a mais procurada.”

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