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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Cinco estados concentram 71% dos casos de dengue no início de 2010

Rondônia, Mato Grosso do Sul, Acre, Mato Grosso e Goiás registraram a maior incidência nas seis primeiras semanas do ano. De todas as notificações do país, 34% estão em cinco municípios

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Cinco estados brasileiros concentram alta incidência de casos de dengue nas seis primeiras semanas de 2010, revela balanço parcial do Ministério da Saúde. Rondônia, Mato Grosso do Sul, Acre, Mato Grosso e Goiás registraram índices que vão de 423,2 a 891,7 casos por 100 mil habitantes (veja tabela). O Ministério da Saúde considera três níveis de incidência de dengue: baixa (até 100 casos por 100 mil habitantes), média (de 101 a 300 casos) e alta (acima de 300).

Em números absolutos, esses cinco estados registraram 77.117 notificações da doença, o equivalente a 71% dos 108.640 registros em todo o país entre 1º de janeiro e 13 de fevereiro. Mais de um terço (34%) das notificações concentrou-se em cinco municípios: Campo Grande-MS (12.712 casos), Goiânia-GO (12.316), Aparecida de Goiânia-GO (3.280), Rio Branco-AC (5.056) e Porto Velho-RO (3.412). No mesmo intervalo de 2009, foram 51.873 casos no Brasil.

O balanço parcial mostra ainda uma diminuição nas mortes por dengue no país. Nas seis primeiras semanas de 2010, foram confirmadas 21 mortes, contra 31 no mesmo período de 2009. O número de óbitos pode sofrer alterações, uma vez que todas as mortes por suspeita de dengue são submetidas a investigação laboratorial.

MG, SP e DF ¿ Minas Gerais registrou, nas primeiras seis semanas do ano, 15.626 casos de dengue. Porém, a incidência no estado (78 casos por 100 mil habitantes) é considerada baixa, conforme os parâmetros do Ministério da Saúde. Em Minas, o aumento nas notificações concentrou-se em sete municípios: Belo Horizonte (2.000 casos), Montes Claros (1.840), Arcos (1.168), Uberaba (764), Carangola (756), Bom Despacho (681) e Pirapora (667).

São Paulo e Distrito Federal, por sua vez, também apresentaram aumento nas notificações. Mas a quantidade de casos é pequena, quando comparada à população de cada unidade federada. Em São Paulo, foram 2.930 casos no período (incidência de 7,1 casos por 100 mil habitantes). Destes, 70% ocorreram em quatro municípios: São José do Barreiro (1.114 casos), Ribeirão Grande (455), Ituverava (293) e Araçatuba (231). No Distrito Federal, 1.167 casos foram confirmados (incidência de 44,8 casos por 100 mil habitantes), todos nas regiões de Vila Planalto, Itapoã e Paranoá. 

A tabela abaixo detalha os números relativos às primeiras seis semanas de 2009 e 2010. Confira:

UF
CASOS CONFIRMADOS
INCIDÊNCIA**
2009
2010*
2009
2010
Norte
12.123
18.933
80,1
123,3
RO
1.396
9.660
93,5
642,3
AC
4.726
6.016
694,9
870,4
AM
645
88
19,3
2,6
RR
1.078
256
261,2
60,7
PA
2.035
522
27,8
7,0
AP
570
53
93,0
8,5
TO
1.673
2.338
130,7
181,0
Nordeste
16.370
4.614
30,8
8,6
MA
342
23
5,4
0,4
PI
313
214
10,0
6,8
CE
1.881
835
22,3
9,8
RN
376
95
12,1
3,0
PB
99
121
2,6
3,2
PE
518
505
5,9
5,7
AL
327
437
10,5
13,8
SE
304
52
15,2
2,6
BA
12.210
2.332
84,2
15,9
Sudeste
16.006
20.520
20,0
25,4
MG
7.109
15.626
35,8
78,0
ES
5.372
1.328
155,5
38,1
RJ
3.100
636
19,5
4,0
SP(1)
425
2.930
1,0
7,1
Sul
1.572
1.915
5,7
6,9
PR
1.455
1.861
13,7
17,4
SC(2)
58
26
1,0
0,4
RS(2)
59
28
0,5
0,3
Centro Oeste
5.802
62.658
42,4
450,9
MS
518
21.050
22,2
891,7
MT
1.620
15.362
54,8
511,8
GO
3.428
25.079
58,6
423,2
DF
236
1.167
9,2
44,8
Total
       51.873
     108.640
27,4
56,7


(1) casos confirmados autóctones
(2) casos importados
*Fonte: SES/UFs 
** Incidência por 100.000 hab

ALERTA - O aumento de casos neste início de ano pode estar relacionado ao forte calor e aos altos volumes de chuvas em diversas regiões do país. Outro fator que vem contribuindo para o crescimento das notificações é a circulação do sorotipo viral DEN-1, o que motivou o Ministério da Saúde a alertar todas as unidades da federação, pois esse sorotipo, que circulou com maior intensidade na década de 90, voltou a predominar em alguns estados no final de 2009.

No Brasil, circulam os sorotipos DEN-1, DEN-2 e DEN-3. O sorotipo DEN-4 não tem registro de circulação no país até o momento. Embora os sintomas da doença sejam iguais para os três tipos de vírus, a circulação ocorre de forma heterogênea nos estados. Quando um indivíduo contrai a doença por um sorotipo, fica imunizado apenas contra ele. Posteriormente, pode ser novamente infectado por outro sorotipo. E, quando o paciente contrai a doença mais de uma vez, aumenta o risco de desenvolver formas graves de dengue.

"Há um contingente muito grande de pessoas que não estão imunizadas contra o sorotipo DEN-1, em especial crianças e adolescentes", ressalta o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho. "Ainda é cedo para avaliar, mas entre os fatores que podem influenciar o prognóstico estão o período de maior transmissão da doença no Nordeste, que começa em março, e também o sorotipo viral que circulará predominantemente na região."

ACÕES DE COMBATE À DENGUE - Diante da situação, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, encaminhou um alerta aos governadores de todos os estados nordestinos e prefeitos das capitais. Ele recomenda a intensificação das ações para eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti e a articulação com outros setores que podem ajudar no controle da doença, como limpeza urbana, saneamento e meio ambiente.

O ministro também voltou a reforçar a necessidade de aplicação dos planos de contingência locais de acordo com as Diretrizes Nacionais de Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, lançadas em julho de 2009 pelo Ministério da Saúde e Conselhos Nacionais de Secretários Estaduais (CONASS) e Municipais (CONASEMS) de Saúde. Campanhas de comunicação e mobilização também precisam ser intensificadas pelos estados e municípios, para que a população realize as medidas de prevenção dentro dos domicílios.

Este apelo vem sendo feito pelo Ministério da Saúde desde 2009. Em novembro, os resultados do Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) revelaram que 102 municípios brasileiros estavam em estado de alerta por apresentarem larvas do mosquito da dengue em mais de 1% dos imóveis pesquisados. Outras dez cidades estavam com risco de surto, pois apresentaram focos do mosquito em pelo menos 4% dos imóveis pesquisados.

Entre as cinco cidades que concentraram mais de um terço dos casos de dengue entre 1º de janeiro e 13 de fevereiro, quatro estavam em situação de alerta, segundo o LIRAa 2009: Rio Branco (3,9% dos imóveis com larvas); Porto Velho (2,6%), Goiânia (2,5%) e Aparecida de Goiânia (1,5%). Campo Grande informou ao Ministério da Saúde que apenas 0,5% dos imóveis pesquisados tinham focos do Aedes aegypti, o que configurava situação satisfatória, segundo os parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A correlação entre os resultados do LIRAa e o aumento de notificações nestas cinco cidades confirma a importância do levantamento para ajudar a planejar e direcionar as ações de campo, como visitas domiciliares, aplicação de inseticidas e mobilização popular. "Os prefeitos têm um mapa confiável da infestação, o que pode evitar surtos e epidemias da doença se ele for bem utilizado", ressalta Giovanini. O LIRAa, cuja realização não é obrigatória, é feito anualmente, desde 2004, pelas Secretarias Municipais de Saúde, antes do período de maior transmissão da dengue.

Logo após a divulgação dos resultados do LIRAa, o Ministério da Saúde intensificou o apoio aos estados que atualmente registram maior incidência de dengue. Naquele mês, eles já começavam a apresentar tendência de crescimento nas notificações. Visitas de assessoria técnica, envio de equipamentos da reserva estratégica nacional, além de remessas extras de medicamentos, inseticidas e larvicidas estão entre as ações do Ministério.



Outras informações:
Assessoria de Imprensa
(61) 3315-2351/3580


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