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quinta-feira, 15 de abril de 2021

Os "experimentos mengelianos" dos médicos brasileiros e o respaldo do CFM

Josef Mengele, oficial da SS, conhecido como "O Anjo da Morte de Auschwitz"


do Outra Saúde (via e-mail)


TÉCNICA EXPERIMENTAL?

O médico alemão Josef Mengele, oficial da SS, usou prisioneiros de Auschwitz para conduzir experimentos humanos muitas vezes letais. É dele que o infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira, gerente médico do Sabará Hospital Infantil, em São Paulo, se lembra ao comentar a nebulização com hidroxicloroquina que provocou mais uma morte em Manaus. "Nunca vi isso. Não sabemos quantos pacientes foram utilizados, não há termo de consentimento nem comitê ético. É até mau gosto chamar de estudo. Trata-se de um experimento mengeliano", diz ele, à Folha.

A reportagem esmiúça o caso de Jucicleia de Sousa Lira, de 33 anos,  que estava com covid-19 e tinha acabado de ter um bebê em um parto de emergência. A ginecologista e obstetra paulista Michelle Chechter conseguiu da paciente uma autorização para usar  "a técnica experimental nebuhcq líquido, desenvolvida pelo dr. Zelenko de Nova York", que consiste em nebulizar hidroxicloroquina macerada. Só que não é assim que se aplica um tratamento experimental, como ressalta Oliveira. Além de o 'estudo' não ter aprovação de comitê de ética, o papel assinado por Jucicleia não a informava sobre os riscos ela que corria.

A autorização permitia ainda que Chechter divulgasse um vídeo de Jucicleia feito durante o procedimento. Ele começou a circular em 9 de fevereiro e viralizou. Foi só assim, ao receber de parentes a gravação via WhatsApp, que o marido dela ficou sabendo da história. O vídeo também animou o presidente Jair Bolsonaro(*), que imediatamente passou a defender a técnica. Jucicleia morreu no início de março, mas sua 'cura' continuou sendo divulgada. No último dia 20, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni(*) (DEM) publicou um vídeo sobre ela: "Decisão da médica em conjunto com a paciente: de 0 a 10 melhorou 8”, escreveu.

(*)ATENÇÃO
Bolsonaro e Onyx deveriam responder por crime de responsabilidade! 

Segundo a Folha, pelo menos outras três pessoas receberam a nebulização mesmo sem terem autorizado o procedimento – e morreram. Uma outra, que concedeu autorização, sobreviveu. Mas só teve alta dois meses depois do falso tratamento. Lembramos que outros três pacientes morreram no Rio Grande do Sul depois da mesma conduta.

Horas depois de a matéria ser publicada, o Conselho Federal de Medicina postou nas redes sociais uma imagem com os dizeres. "O médico brasileiro é competente: respeitem sua autonomia". O grifo é do próprio CFM. 

5 comentários:

  1. Concordo totalmente.Essa chamada médica deve ter sua matrícula cassada e ser responsabilizada criminalmente.

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  2. Matrícula cassada e procesos ao CFM por validar exercício ilegal da Medicina.

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  3. Mário, pra acalmar o coração e a mente dessas notícias absurdas só mesmo teus poemas.Entrei no teu perfil, adorei.

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