Pesquisadores britânicos dizem que tratamento não passa de placebo. Defensores contestam validade do estudo
na Gazeta do Povo
A divulgação de um estudo feito pela Comissão de Ciência e Tecnologia do Parlamento Britânico, nesta semana, reacendeu a polêmica sobre a eficácia dos tratamentos homeopáticos. O relatório defende que os resultados obtidos com esse tipo de terapia não passam do chamado "efeito placebo". Para a comissão, a homeopatia não possui resultados cientificamente convincentes. Com base nessa conclusão, o relatório recomenda que o governo britânico deixe de oferecer esse tipo de tratamento pelo sistema público de saúde. O documento recomenda também que as empresas produtoras de medicamentos homeopáticos sejam impedidas de fazer declarações sobre a eficácia de seus produtos, uma vez que estes não teriam efeitos comprovados cientificamente. "Não duvidamos que a homeopatia faça o paciente se sentir melhor. Entretanto, essa satisfação pode ocorrer devido ao efeito placebo e portanto não prova a eficácia das intervenções homeopáticas", afirma o estudo.
Por ano, a homeopatia representa um gasto equivalente a R$ 500 mil aos cofres públicos da Grã-Bretanha. Só em 2008, o governo brasileiro investiu seis vezes esse valor em consultas homeopáticas: foram R$ 2,95 milhões. Um investimento 383% maior do que o aplicado em 2000, quando foram gastos R$ 611 mil. O acréscimo é resultado da Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple mentares, criada em 2006 pelo Ministério da Saúde.
Criada no século 18 por um médico alemão, a homeopatia baseia-se no princípio de que para curar um paciente é preciso aplicar um medicamento que provoque efeitos semelhantes ao da doença que pretende ser tratada. Para isso, não são utilizados medicamentos convencionais, mas sim substâncias extraídas da natureza submetidas a processos de diluição repetidas vezes. Acredita-se que com isso diminui-se a toxicidade e aumenta-se o potencial curativo.
Para o vice-presidente da Associação Paranaense de Homeopatia, Clodoaldo Turbay Braga, o anúncio do governo britânico não deve ter reflexos aqui no Brasil. "Periodicamente surgem trabalhos que contestam a prática da homeopatia, mas sem um fundamento científico correto", afirma. Segundo ele, os estudos que criticam os tratamentos homeopáticos em geral não seguem uma metodologia adequada. "A homeopatia não segue as mesmas diretrizes da alopatia, não se pode fazer um estudo nos mesmos moldes. Na homeopatia não usamos um medicamento único. A dose, a administração e os resultados são diferentes para cada paciente. É algo muito mais individualizado. Tratamos doentes e não doenças", defende.
Saiba mais
Conheça um pouco mais sobre a homeopatia:
O que é a homeopatia?
É um método de tratamento que se fundamenta na crença de que para tratar um indivíduo que está doente é necessário aplicar um medicamento que produza os mesmos efeitos apresentados pelo doente.
Como funciona?
A homeopatia baseia-se no principio de que medicamentos convencionais possuem uma toxicidade muito alta. Por isso são usadas doses mínimas da substância ativa diluída em água.
Por que não se poderia comparar um medicamento homeopático com um alopático?
Para medir a eficácia de um remédio convencional são feitos ensaios clínicos em que uma quantidade de pacientes recebe a mesma dose de medicamento. Na homeopatia isso não se aplicaria porque o tratamento é individualizado.
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