na Gazeta do Povo
Quem retira medicamentos na Farmácia Especial, em Curitiba, precisou de paciência ontem. Mesmo quem chegou cedo enfrentou muita fila e esperou horas para ser atendido. Por volta das 17h30, cerca de 100 pessoas ainda aguardavam atendimento.
A agente de saúde Pâmela de Barros tentava, pelo quarto dia consecutivo, conseguir o medicamento para a mãe, que sofre de enfisema pulmonar. “Tenho vindo desde segunda-feira, mas todos os dias estava cheio e acabei desistindo. Hoje (ontem) é o último dia e tive de ficar, estou faltando no trabalho”, reclamou a moça, que estava no local desde as 13h30.
Com a virada do mês, quem não retira o medicamento perde o direito ao benefício. Para voltar a receber a medicação, é preciso entrar com um novo pedido, que será novamente analisado. Esse processo pode demorar até 45 dias. “Os dois remédios que pego aqui custam juntos quase R$ 500. Não tenho como pagar por isso”, conta Pâmela.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, o movimento intenso na Farmácia Especial nos últimos dias se deve ao calendário. O feriado de carnaval reduziu o número de dias úteis para atendimento. Além disso, hoje a farmácia estará fechada para realização de serviços internos, como ocorre sempre no último dia útil do mês. A junção desses fatores fez com que o atendimento se concentrasse. Somente ontem foram realizados 1.064 atendimentos. Na quarta-feira este número foi de 953 e na terça-feira, de 900.
Atualmente estão cadastrados para receber medicamentos excepcionais mensalmente 22.578 pacientes. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, estão sendo tomadas medidas para reduzir o fluxo de pacientes na sede da farmácia especial. Parte dos pacientes já retira o medicamento em outros pontos, como a Fun dação Pró-Renal e a Associação de Parkinson. A instalação de uma segunda sede da Farmácia no Centro Regional de Espe cialidades também deve diminuir as filas.
COMENTÁRIO: Esta situação na Farmácia de medicamentos excepcionais é recorrente. A questão principal não é falta de verbas ou de medicamentos. É uma questão de LOGÍSTICA.
Se existem alguns grupos grandes de pacientes - como por exemplo os transplantados renais - que fazem uso contínuo de medicamentos, é possível, tranquilamente, sem qualquer problema, estabelecer um calendário e até mesmo entregar o medicamento na residência do usuário. Os custos seriam mínimos diante do benefício.
O que não pode é admitir que o SUS tenha investido alguns milhões de Reais em tratamento de alto-custo para melhorar a vida dos usuários, para depois colocá-los (ou aos seus familiares) na fila da Farmácia, ou mesmo -em situação extrema - correr o risco de perder o enxerto por dificuldades na obtenção de um medicamento QUE ESTÁ ESTOCADO NO OUTRO LADO DO BALCÃO.
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