A Polícia Civil investiga a morte do secretário da Saúde de Porto Alegre, Eliseu Felippe dos Santos, 63 anos, na noite de sexta-feira, no bairro Floresta,na Capital. São duas linhas de investigações. Em uma delas se trabalha com a hipótese de tentativa de latrocínio, roubo seguido de morte e, na outra, com homicídio.
É com base em relatos de testemunhas que a Polícia Civil dá os primeiros passos na busca dos criminosos que assassinaram com dois tiros o ex-vice-prefeito. O crime ocorreu por volta das 21h20min, na Rua Hoffmann, quando Eliseu entraria em seu Corolla, após deixar um culto da Igreja Assembléia de Deus, acompanhado da mulher Denise Goularte Silva e da filha caçula Mariana, sete anos.
Armado com uma pistola calibre .380, Eliseu trocou tiros com os bandidos e feriu um deles. Horas depois, um homem de 36 anos chegou a ser interrogado como suspeito ao procurar atendimento médico no Hospital de Viamão.
Uma pessoa teria o reconhecido por foto, mas ele negou participação no caso, alegando ter sido ferido em um assalto. Apesar disso, o sangue dele foi coletado para confrontar com amostras de sangue encontradas no local do crime.
Eliseu foi assassinado no momento em que dezenas de pessoas deixavam o templo da Assembléia de Deus, clientes saíam do supermercado Zaffari localizado nas imediações e moradores estavam nas janelas e calçadas, facilitando a identificação de testemunhas.
Pelo menos sete pessoas prestaram depoimento durante a madrugada deste sábado na Delegacia de Homicídios e Desaparecidos (DHD), revelando detalhes importantes para a investigação. De acordo com algumas versões, três homens morenos estavam em um Vectra (branco ou prata) que estacionou na Rua Hoffmann a poucos metros do carro do secretário.
Denise e a garota já estavam dentro do Corolla, quando dois dos bandidos desceram do Vectra e foram em direção a Eliseu. Enquanto um segurava uma arma na cintura e olhava para os lados, outro apontou um revólver para o rosto do secretário, que reagiu.
Com sua pistola, Eliseu disparou nove vezes, assustando o condutor do Vectra que desceu a Rua Hoffmann e ficou esperando os comparsas na Avenida Cristóvão Colombo, na pista em direção ao Centro. A atitude de Eliseu leva a polícia a crer que ele se antecipou aos bandidos ao pressentir o perigo.
— É uma hipótese bem plausível — observou o delegado Bolívar Llantada, da DHD, responsável pela investigação.
Nos últimos meses, Eliseu vinha sofrendo ameaças, conforme confidenciou a amigos. Por causa disso, havia redobrado os cuidados com sua segurança, andava sempre armado e atento nas ruas. Conforme o delegado, a direção dos disparos da arma do criminoso indica que ele foi pego de surpresa:
— Um dos tiros acertou o peito e o outro a canela direita do secretário, o que demonstra um ato imprevisto, e não previamente calculado.
Atingido por Eliseu, possivelmente na região do saco escrotal, o bandido desceu a Rua Hoffmann mancando e deixando marcas de sangue no asfalto por quase 200 metros até entrar com o comparsa no Vectra e fugir. Ferido, Eliseu tombou sem vida junto à porta do carro e diante da mulher e da filha. Denise é considerada testemunha-chave e deve ser ouvida, mesmo que informalmente, até amanhã.
A polícia também espera identificar os criminosos com ajuda de imagens de câmeras de monitoramento da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e de dois equipamentos que estavam instalados em estabelecimentos comercias da Cristóvão Colombo, captando cenas bem próximas onde a dupla de criminosos embarcou no Vectra para fugir.
Durante a madrugada de sábado, dezenas de amigos, colegas e autoridades políticas estiveram no Palácio da Polícia Civil e no Departamento Médico Legal, onde o corpo do secretário foi liberado no final da madrugada. O velório foi marcado para a Assembléia Legislativa e o sepultamento domingo, em princípio às 16h, no Cemitério João XXIII, na Capital.
O que indicaria uma execução
— Dois criminosos se aproximaram de Eliseu, e um deles atirou sem ter anunciado o assalto, diante de testemunhas
— O Vectra utilizado pelos bandidos estaria em situação regular. Nenhum modelo na cor prata foi furtado ou roubado nos últimos dias, segundo a Brigada Militar
— Polêmico e envolto em desentendimentos, o secretário estaria sofrendo ameaças. Uma delas foi registrada em ocorrência em maio do ano passado, quando duas pessoas em uma moto abordaram Eliseu e prometeram matá-lo
— Para amigos e assessores, Eliseu comentava ter sofrido outras ameaças.
— Eliseu teria sido abordado por assaltantes, mas eles foram surpreendidos pela reação da vítima, que pode ter atirado primeiro
— Sem tempo para anunciar o assalto, o criminoso teria atirado no secretário
— A arma usada pelo bandido seria um revólver, incomum para casos de execução
— Com o tiroteio, os comparsas desistiram da ação e fugiram sem levar nada
— O Corolla pode ter despertado a atenção de ladrões de carros que agem naquele região
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