O atestado foi escrito de próprio punho no Hospital da Criança, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, no último domingo, e entregue à mãe de um menino, que apresentava quadro de febre alta. A mãe Doelene Freitas afirmou ainda ter ouvido diversos palavrões do médico, que teria insultado até os professores da criança. Esta não teria sido a primeira atitude semelhante do médico. O caso ocorreu apenas dois dias antes da entrada em vigor do novo Código de Ética Médica.
Durante a semana, Figueira se afastou do trabalho, alegando estar sob atestado médico. “Ele nos avisou que fez uma cirurgia e que está internado. Esperamos ele voltar para poder ouvi-lo”, informou a diretora técnica do hospital, Mônica Lankszner. Mesmo antes do retorno, o hospital vai abrir procedimento administrativo sobre o caso. O mesmo será feito pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), que irá abrir uma sindicância. Ao final do processo, as possíveis punições podem ser: advertência por carta, verbal ou pública, suspensão ou cassação do registro.
Segundo o delegado do CRM em Ponta Grossa, Northon Hilgemberg, a última hipótese é remota. “De imediato, a primeira coisa que me passou pela cabeça é que foi um desabafo. Vamos ver as condições de trabalho desse profissional, mas fica claro um alto nível de estresse, frente a uma política de saúde que desagrada a quem está atendendo e muito mais a quem é atendido”, analisa, frisando que não está absolvendo a atitude.
Para o presidente da Associação Médica do Paraná (AMP), Gilmar Nascimento, a insatisfação não pode ser transferida para o paciente. “Se o médico não se sente bem na profissão, não se sente bem remunerado, então não preste o concurso. O concurso é aberto e a pessoa faz ou não. Lá diz sobre a carga horária e a remuneração. Se não está bom, basta sair”, opina. Figueira Junior foi procurado pela reportagem, mas não atendeu as ligações.
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