O clima ontem na Assembleia Legislativa era de tensão latente entre os deputados. Até há pouco tempo, a maioria dos parlamentares parecia apostar que a onda de denúncias contra a Casa iria arrefecer e a crise seria abafada. Com a invasão pelos estudantes, e a promessa dos mesmos de retornar, bem como o surgimento de novas acusações cada vez mais próximas da direção do Legislativo, essa percepção parece estar finalmente mudando, e os parlamentares já vivem em estado de “salve-se quem puder”.
Quem prestou atenção no longo discurso do presidente da Assembleia, Nelson Justus (DEM), ontem, notou uma série de recados. Ao admitir os erros, mas afirmar que eles vem de longe, e não são de um ou outro deputado, nem somente desta legislatura, Justus deixou claro que se cair, não cai sozinho. Vai levar muita gente junto.
Para complicar ainda mais a situação, o deputado Jocelito Canto disse para quem quisesse ouvir que todo político faz caixa dois. Os seus colegas não gostaram nem um pouco. Mas ao dizer isso, Canto não foi exatamente original. Basta lembrar que o presidente Lula, em 2006, no auge da crise do mensalão, defendeu o PT afirmando que o que o partido fez foi o que todos os partidos no Brasil fazem: caixa dois.
O Ministério Público informou ontem que abriu vinte novos procedimentos de investigação envolvendo as denúncias contra a Assembleia Legislativa. Somente ontem, foram ouvidos três funcionários da Casa, incluindo o ex-diretor geral, Abib Miguel, que no primeiro depoimento, se recusou a dar qualquer informação. O MP não informou se desta vez Abib falou.
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