Fiquem tranqüilos: jamais serei eleito a cargo algum. Primeiro por nunca ter chegado a
candidato. Segundo e principalmente, que na minha história pública nunca dei nada “de graça” para ninguém, nem poderia prometer que o faria, o que parece ser uma das condições. Serei sempre um típico não candidato.
candidato. Segundo e principalmente, que na minha história pública nunca dei nada “de graça” para ninguém, nem poderia prometer que o faria, o que parece ser uma das condições. Serei sempre um típico não candidato.
Imaginem e se cuidem do discurso número um da caça aos votos. Não vote em ninguém que lhe diga que é bonzinho atrás de gratidão cobrada em votos, porque, quando em cargo público, deu alguma coisa “de graça” para você. No público só se faz com dinheiro de nós contribuintes. E se fez com recursos próprios e não públicos, é réu do crime de compra de votos.
Só nós cidadãos nos damos algo na área pública. Tudo nasce de nosso dinheiro de impostos, contribuições e taxas. Os governos só se sustentam com pré-pagamento do cidadão. Pagamento sempre antecipado e em confiança. O que pode acontecer é o contrário: colocarmos dinheiro nas mãos dos governantes e eles não nos devolverem em bens e serviços na proporção das contribuições a nós impostas.
Os donos do dinheiro e das coisas públicas somos nós. Nem sempre entregamos a bons tesoureiros nossos parcos recursos. Vários governantes não têm primado pela eficiência administrativa, nem pela honestidade e nem pela distribuição equitativa dos benefícios públicos. Pior, alguns que escolhemos para serem fiscais no legislativo ou que ocupam cargos no judiciário e ministério público para manterem o estado de direito, têm, por vezes, se esmerado em descumprir seus deveres.
A regra mãe está na Constituição: o poder é do cidadão que deve exercê-lo diretamente, invocada a democracia participativa ou através de seus representantes eleitos, a democracia representativa. Criticamos, muitas vezes, com excesso de razão, os governantes e seus pretendentes sem fazer ligação com nossa responsabilidade direta em sua escolha e em suas ações. Talvez nos tomemos de cegueira na eleição de representantes. Descumprimos o dever-direito de conhecer e contribuir nos programas de candidatos, neles depositar o voto, aprovar planos de governo, fiscalizar contas diariamente em meio eletrônico e em audiências públicas quadrimensais. Ao não propor nem controlar os governantes facilitamos que se digam e ajam como plenipotenciários, por eleitos. Vão jactar-se de serem bonzinhos e que dão “de graça” para nós súditos: saúde, educação, segurança, lazer e tudo que só é nosso, de direito.
Fico estarrecido e indignado que a gente tenha que ouvir de quem nos governa ou tem pretensão de fazê-lo que muito fez, faz ou fará para nós: “de graça”,
gratuitamente, sem paga, sem recompensa, por absoluto favor! Ou, permitir que assim o digam, em seu nome!
gratuitamente, sem paga, sem recompensa, por absoluto favor! Ou, permitir que assim o digam, em seu nome!
A área da saúde, vítima de sub-financiamento pela esfera federal e estadual e, por vezes, de má gestão nas três esferas de governo, de repente, é cantada em prosa e verso como se dados “de graça” aos cidadãos: hospitais, ambulatórios, postos de saúde, consultas básicas e de especialistas, exames de toda natureza. Dois argumentos são invocados: “fiz isto por vocês porque sou bonzinho, um político do bem” ou “fiz de graça o que os outros não fizeram
quando ocuparam o poder”.
quando ocuparam o poder”.
Este discurso não pode ser considerado apenas crime eleitoral. Dizer ou permitir que digam, que ações dos governantes transitórios da coisa pública são por eles realizadas “de graça” é crime de falsidade ideológica.
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