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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

EUA infectaram cidadãos da Guatemala com sífilis e gonorreia para estudo; Hillary pede desculpas

no Opera Mundi (recebi da minha amiga Lúcia Rodrigues)

Médicos pesquisadores do governo dos Estados Unidos infectaram intencionalmente nos anos 1940 um grupo de 696 cidadãos da Guatemala com gonorreia e sífilis para a realização de estudo sobre a eficácia de medicamentos. A denúncia foi feita por Susan Reverby, pesquisadora do departamento de estudos de saúde da mulher da Faculdade Wellesley, estado de Massachusetts. 

Hoje (1/10), a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e a secretária de Saúde Kathleen Sebelius, emitiram um comunicado para pedir desculpas oficialmente em nome do governo dos EUA. 

"Lamentamos profundamente que isso tenha acontecido e oferecemos nossas desculpas a todas as pessoas que foram afetadas por essas abomináveis práticas de pesuisa", diz o comunicado. O pedido de desculpas foi dirigido aos guatemaltecos e aos imigrantes latinos residentes nos EUA. 

Como parte do estudo realizado na Guatemala, infectados guatemaltecos foram encorajados a transmitir a doença para outras pessoas, entre eles deficientes mentais. O objetivo era vereficar se o antibiótico penicilina era capaz de previnir a sífilis e a gonorreia. 

Estima-se que um terço dos infectados nunca teve tratamento adequado. Aparentemente, o experimento foi feito entre 1946 e 1948 e “nunca gerou informações úteis e registros foram apagados”, segundo Susan. 

Na época, a Guatemala era governada pelo presidente Juan José Arévalo Bermejo (1945-1951) e os EUA, por Harry S. Truman (1945-1953). 

De acordo com site da NBC News, a pesquisadora detalhará o estudo em seu site ainda nesta sexta-feira. 

A primeira discussão pública sobre o assunto será uma feita entre Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Saúde e Arturo Valenzuela, subsecretário de Estado norte-americano para as Américas. 

Hillary afirmou que fará um investigação oficial mais detalhada sobre o assunto e que vai nomear uma comissão de especialistas em bioética. 

Já o presidente da Guatemala, Álvaro Colom, classificou o episódio como de "crimes contra a humanidade" e garantiu que será realizada uma "profunda investigação" dos fatos, que afetaram mais de 1.500 pessoas, e antecipou que o país analisa apresentar uma denúncia para exigir ressarcimento dos EUA. 

O presidente ordenou a seus ministros da Saúde, Defesa e Governo que localizem e resguardem os arquivos dos anos em que ocorreram os experimentos, para que sirvam de base a uma pesquisa em conjunto com o governo americano. 

Além disso, Colom declarou estar ciente de que os experimentos "não fazem parte da política do atual governo" dos EUA, e que pretende, junto com altos funcionários da Casa Branca, fazer uma investigação do episódio. 

Reincidência 

O episódio é semelhante ao experimento Estudo da Sífilis Não-Tratada de Tuskegee – feito pelo governo dos EUA em Tuskegee, Alabama, entre 1932 e 1972, no qual 399 sifilíticos afro-americanos pobres e analfabetos, e mais 201 indivíduos saudáveis para comparação, foram usados como cobaias na observação da progressão natural da sífilis sem medicamentos. 

Um membro da equipe denunciou o caso à imprensa e, por conta da repercussão negativa, o estudo foi encerrado. Alguns descendentes de sobreviventes da experiência foram indenizados pelos governo dos EUA. 

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