A importância do trabalho em equipe entre obstetras e pediatras foi defendida no domingo (21/11), pelo coordenador da Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais (RBPN), José Maria Lopes, no Fórum para Maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS), promovido pelo Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Para Lopes, a parceria entre obstetra, pediatra e demais membros da equipe multiprofissional, em prol do bom cuidado perinatal, é decisiva para reduzir a mortalidade neonatal e materna. O Fórum deu início ao 20º Congresso Brasileiro de Perinatologia, que segue até quarta-feira (24/11), no Rio de Janeiro.
O objetivo do Congresso foi disseminar o conhecimento das estratégias para implementar diretrizes clínicas e a troca de experiências sobre as dificuldades e facilitadores para sua efetivação |
A defesa do coordenador, que é pediatra, é de que a presença do obstetra em fóruns de discussão sobre mortalidade perinatal ainda é muito pequena e deve ser estimulada. Na palestra Evidência de variações de práticas no cuidado perinatal e suas consequências, Lopes mostrou que em fases precoces de gestação, cinco semanas podem mudar as chances de vida do recém-nascido aumentando em até 90% estas chances, ou seja, 18% por semana ou 2,5% ao dia. “Com 23 semanas de gestação, os dados registram 100% de chances de óbitos. Mas, com 28 semanas, cai para 10%”, contou Lopes. Para ele, nesse momento, o pediatra deveria trabalhar em parceria com o obstetra, acompanhando a gestante. Em relação à saúde da mãe, os dados revelaram, por exemplo, que os casos de hipertensão materna registrados são o dobro dos encontrados em bancos de dados de outros países como os da Rede Vermont Oxford Network.
Outro desafio para a assistência perinatal foi levantado pelo presidente do Congresso, José Roberto Ramos. Para Ramos, também é preciso focar na qualidade da assistência ao recém-nascido, por se tratar de uma fase determinante para a vida futura daquele indivíduo. “Esses bebês podem apresentar problemas durante a adolescência ou na fase adulta, como diabetes, hipertensão e alterações pulmonares, o que depende da qualidade da assistência no início da vida”, disse Ramos. Ele destacou a importância da RBPN nesse contexto. “Não adianta só trabalhar. É preciso conhecer o que estamos fazendo para aprimorar nossos procedimentos”.
O responsável pelo Departamento de Ações Estratégicas do Ministério da Saúde, José Luis Telles, elogiou o papel do IFF na coordenação da rede e defendeu que a busca pela redução da mortalidade neonatal não pode ser uma política de governo, mas de Estado. Na abertura do Fórum perinatal para maternidades do SUS, além de Telles, estiveram presentes a coordenadora da Área Técnica de Saúde da Criança do Ministério da Saúde, Elsa Giuliani; o presidente do Congresso, José Roberto Ramos; a pesquisadora do IFF, Cínthia Magluta; o presidente da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro, Edson Liberal; e o diretor do IFF, Carlos Maciel.
Fórum
O Fórum foi voltado a equipes que atuam nas maternidades envolvidas na redução da mortalidade materna e neonatal na Região Nordeste e Amazônia Legal e profissionais de redes e maternidades que participam do projeto de melhoria do cuidado neonatal no SUS. O objetivo foi disseminar o conhecimento das estratégias para implementar diretrizes clínicas e a troca de experiências sobre as dificuldades e facilitadores para sua efetivação. A Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais conta com a participação de 57 maternidades pelo país, sendo 40 na região Nordeste e Amazônia Legal. Hoje, no banco de dados da rede há 7.153 casos registrados. A coleta de dados e a geração de relatórios podem ser feito online, por qualquer maternidade participante do projeto.
Para mais informações sobre o 20º Congresso Brasileiro de Perinatologia e o Fórum Perinatal para Maternidades do SUS, visite esta pagina. Informações sobre a Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais podem ser acessadas aqui.
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