Páginas

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Doutor Rosinha, sem meias palavras

Sempre combativo, o deputado federal petista foi um dos primeiros a declarar a pré-candidatura a prefeito de Curitiba  

Josianne Ritz no JE



“No país cada vez mais se antecipam as campanhas. A de Curitiba também foi antecipada” (foto: Divulgação)


Sempre combativo, o deputado federal petista foi um dos primeiros a declarar a pré-candidatura a prefeito de Curitiba. Em entrevista exclusiva ele fala sobre os problemas da cidade, a política paranaense e a expectativa com Dilma 


Seu nome de registro é Florisvaldo Fier, mas o de “guerra” é Doutor Rosinha. O deputado federal  do PT, reeleito pela quarta vez, sempre foi conhecido por ser de “briga” no bom sentido. Foi assim quando  eleito vereador, depois como deputado estadual e não é diferente como deputado federal.  Agora, anuncia, ainda que precocemente, uma nova batalha: pelo comando da prefeitura de Curitiba. O deputado foi um dos primeiros a se colocar com pré-candidato  a prefeito da Capital paranaense, cargo que será disputado em 2012. “No país cada vez mais se antecipam as campanhas eleitorais. A de Curitiba foi antecipada exatamente em abril de 2010, quando Beto Richa renunciou ao mandato de prefeito para concorrer ao governo do Estado”, diz ele. 

Em entrevista ao Jornal do Estado, Dr. Rosinha fala também sobre os problemas mais graves de Curitiba, ressalta que a violência é sim problema da Prefeitura, reclama sobre os governadores e prefeitos que escondem as verbas federais das obras e projetos, critica os peemedebistas que agora fazem parte do governo de Beto Richa e fala sobre o seu trabalho pela consolidação do Mercosul.

JE — O senhor foi  um dos primeiros a declarar oficialmente a pré-candidatura à Prefeitura de Curitiba. O PT tem pressa?
Dr. Rosinha — A questão não é ser ou não o primeiro a se declarar pré-candidato a prefeito. Afirmei que o PT deve ter uma candidatura própria na capital em 2012, e que estou à disposição do partido. Nessa condição, sou pré-candidato. Nas últimas eleições, em 2010, o PT obteve um bom resultado nas urnas do Paraná. Mas é necessário avançar ainda mais na organização do partido e colocá-l o no mesmo patamar organizativo dos demais. Por isso, no próximo mês de fevereiro a direção estadual do PT fará um seminário de planejamento. Entendo que esse planejamento deve levar em consideração, principalmente, as grandes cidades. É necessário um partido bem organizado para fazer boas disputas políticas e eleitorais. Candidaturas próprias e com alianças fortes, na Capital e nas maiores cidades do Estado, contribuem para o crescimento político.

JE — O senhor acredita que diante de tantos possíveis candidatos a prefeito de Curitiba, como o senhor, Gustavo Fruet, o próprio prefeito Luciano Ducci, o deputado federal Ratinho (PPS),  a campanha eleitoral será mesmo antecipada?
Dr. Rosinha — No país cada vez mais se antecipam as campanhas eleitorais. A de Curitiba foi antecipada exatamente em abril de 2010, quando Beto Richa renunciou ao mandato de prefeito para concorrer ao governo do Estado. Um parêntese: ao renunciar, Beto Richa não cumpriu a palavra dada, de que ficaria até o fim, em 2012. Ao renunciar, já definiu que o vice sairá candidato a prefeito, tanto que a disputa já começou dentro do próprio PSDB, se apoia o vice, do PSB, ou se lança candidato próprio. Eles anteciparam a campanha. Ou não é isso que está levando às especulações sobre se Gustavo Fruet fica ou sai do PSDB? Será que ele vai mudar de partido mais uma vez? O ex-vice-prefeito espera que o Beto Richa, pelo menos agor a, cumpra a palavra dada. Vamos ver se agora ele cumpre.

JE — Há outros possíveis candidatos a prefeito dentro do PT? A senadora eleita Gleisi pode se candidatar?
Dr. Rosinha — Sim, todo e qualquer filiado ou filiada do PT, que esteja em dia com o partido, pode se candidatar. Claro que os militantes com maior visibilidade pública têm maior chance de candidatura. Em Curitiba, temos bons nomes para concorrer à prefeitura, entre os quais lembro a Gleisi, o Vanhoni, o Tadeu Veneri. Na minha opinião, a Gleisi, caso queira, é o melhor nome.

JE — O que o senhor acha da estratégia anunciada pelo presidente do PSDB, Valdir Rossoni, de lançar dois candidatos da aliança governista, Ducci e Gustavo Fruet, para prefeito a fim de garantir a vitória?
Dr. Rosinha — É muito cedo para se definir qual é a melhor estratégia para se ganhar uma eleição que acontecerá daqui a dois anos. O momento é o de planejar as ações do partido e, mais próximo das eleições, definir a tática eleitoral de acordo com a conjuntura. O PSDB do Paraná vive no momento a festa da posse e a disputa por cargos. E que disputa! A afirmação de que o PSDB vai lançar dois candidatos não é um debate estratégico, nem tático. É um factóide.

JE — Qual o seu projeto para a cidade?
Dr . Rosinha — Qualquer candidato que se apresentar com um projeto próprio de cidade estará de antemão condenado ao fracasso. Portanto, não há um projeto “meu” de cidade. O cidadão e a cidadã que vive nos bairros mais distantes do Centro de Curitiba precisam, entre outros, de mais atenção na saúde, educação, habitação, esporte, cultura, lazer, segurança, infraestrutura. As pessoas precisam ser respeitadas como cidadãos portadores de direitos. Para não me alongar, dou só um exemplo de desrespeito: Quando os curitibanos precisam do atendimento de um médico especialista, conforme a especialidade, esperam até por mais de um ano. Que cidadania é essa?

JE — Para o senhor, quais são os principais problemas a serem resolvidos na cidade de Curitiba?
Dr. Rosinha — Na resposta anterior listei algumas áreas que merecem atenção. Entre elas há algumas que merecem mais atenção, como, por exemplo, a saúde, a acessibilidade e a questão da violência. Em geral, os prefeitos dizem que a questão da violência não é com eles, mas do governo do Estado, alegação da qual discordo em parte. Uma das ações para se diminuir a violência é implantar políticas e programas de governo voltados para a juventude. Agora pergunto: o que faz um ou uma jovem da periferia de Curitiba nos sábados e domingos? O que a prefeitura oferece a eles? Nada ou muito pouca coisa. Pois bem, essa é uma prioridade. Ou a prefeitura oferece atividades e oportunidades para os jovens, ou os traficantes oferecerão.

JE — E na área de saúde?
Dr. Rosinha —  Na área de saúde, há em Curitiba deficiências enormes, principalmente no atendimento de especialidades e de saúde mental. Com o aumento do uso de drogas, principalmente o crack, não temos profissionais preparados e espaço físico suficiente para atender os usuários dessas drogas. Este é um tema urgente a ser enfrentado. A acessibilidade é outro grave problema. Creio que o prefeito atual e o ex-prefeito Beto Richa nunca andaram a pé pela cidade. Não precisa ser portador de nenhuma deficiência física para saber que as calçadas de Curitiba são impraticáveis. Há pessoas, principalmente idosos, caindo todos os dias. Agora, se o atual prefeito quiser cumprir o que aqui exponho nos seus últimos dois anos de governo, que o faça, mas diga que é para enfrentar a campanha eleitoral, pois está entre vice e prefeito há seis anos administrando a cidade, e não o fez até agora. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário