Páginas

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Em meio a exames high-tech, medicina tradicional tem benefícios


À medida que vão ficando mais sofisticados, os exames vão custando cada vez mais. Médico de família é mais econômico para a sociedade.



Com hospitais modernos e equipamentos sofisticados, as inovações da medicina são sempre muito bem-vindas. Mas há casos em que a cura do paciente depende de cuidados simples.
O mundo de alta tecnologia da medicina impressiona. Dá a sensação de que as máquinas podem ver tudo e descobrir tudo. Tomografia computadorizada, ressonância magnética, mamógrafos e ultra-som são equipamentos muito caros. À medida que vão ficando mais sofisticados, os exames vão custando cada vez mais.
Por exemplo, se você tiver de pagar do seu bolso uma ressonância, custa em torno de R$ 800. Uma mamografia custa R$ 200 e um simples raio-x, R$ 100. Uma pesquisa do Ministério da Saúde divulgou uma boa notícia: a oferta desses equipamentos mais do que dobrou entre 2005 e 2009, o que causou também uma explosão no consumo desses exames.
A analista de treinamento Deise Cansi é um bom exemplo disso. “Acho que tem uma cultura hoje que se você vai a um médico e ele não pede nenhum exame, só conversa e não dá qualquer medicação, acho que eu ficaria insegura”, comenta.
Por causa de uma dor no pé, ela passou por quatro médicos, o que gerou um baralho de raios-x e ressonâncias magnéticas. “Às vezes, acho que também falta informação que faz mal”, disse a analista de treinamento Deise Cansi.
Deise toca num problema importante: exames têm consequências e riscos. “É muito frequente o paciente dizer que mal não vai fazer. Isso não é verdade. Agregar exames, principalmente exames dispendiosos, faz parte do negócio. Mas quando se faz um exame sem necessidade, isso vai agregando custos que são repassados, de uma forma geral, à sociedade”, afirma o diretor de cooperativa Stephen Stefani.
É mesmo um grande negócio. Como se fosse um dono de táxi, quem investe na compra de um equipamento caríssimo quer que ele não pare de funcionar. Quanto mais melhor? Não necessariamente. O médico de família, aquele que conhece e trata do paciente há muito tempo, acaba fazendo bem à saúde e ao bolso da pessoa, particularmente para quem é mais idoso e, portanto, mais vulnerável.
“É uma benção, porque mesmo sendo particular, mesmo tendo plano de saúde, você chega ao médico e nunca é atendida logo”, conta a aposentada Valquíria Santos.
Antigamente médico vir em casa era um luxo, mas essa prática é mais econômica para a sociedade, de uma maneira geral, essa visita do que a tradicional de exames e hospitais.
“Os números que se têm hoje que o paciente assistido por um médico de família reduz em até 80% a necessidade de ser submetido a exames, pela oportunidade que se tem de se ter essa avaliação mais de perto e ter o conforto de receber em casa”, afirma o médico de família Oscarino Barreto Jr.
“É preciso recuperar a boa e velha clínica, que é a clínica do olhar, do toque, dos espaços de fala e de escuta que devem haver entre o profissional de saúde e o usuário”, explica o médico e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Túlio Batista Franco.
“Acho que, por isso, é que eu consegui chegar aos 83 anos”, diz a aposentada Valquíria Santos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário