DNA Tucano: Filme erótico não pode... mas 'Sogra Fantasma' ganha prêmio.

César Machado / Vale Press

Pagliosa: nomeação foi uma recompensa pelo trabalho nas campanhas eleitorais de Beto Richa e do deputado estadual Adelino Ribeiro

Perdão, sim, mas depende do pecador

Ao sétimo dia de governo, Beto Richa foi bíblico. Não “descansou”, como fez Deus ao criar a Terra, mas adaptou uma lição religiosa para explicar como encara a corrupção. Disse que “perdoa o pecador, mas não o pecado”.

A referência foi uma defesa das nomeações de Ezequias Moreira e Nelson Cordeiro Justus para cargos na Sanepar e Cohapar, respectivamente. Moreira respondia a dois processos judiciais – o mais famoso por ter usado a sogra, Verônica Durau, como funcionária fantasma da Assembleia Legislativa por 11 anos.

Já Cordeiro Justus, que é filho do deputado estadual Nelson Justus, era investigado pelo Ministério Público em casos de suspeita de improbidade administrativa. Até abril do ano passado, ele foi presidente de uma bolsa de licitações e leilões que movimentou R$ 40 milhões entre 2008 e 2010.

Correram os primeiros 100 dias de gestão e Beto Richa se viu às voltas com outra polêmica. O governo havia contratado como chefe de um escritório do IAP um ex-ator erótico.

A notícia veio das trombetas do senador Roberto Requião (PMDB) em tom apocalíptico. Desafeto de Richa, Requião “denunciou” a nomeação de um ator “pornô” com a moral de um inquisidor da Idade Média.

E o que fez Beto? Simplesmente inverteu a própria lógica e puniu o pecador. 
O que levou à demissão, contudo, não foi o passado libidinoso nem a evidente falta de qualificação para o cargo, mas a “omissão”, o fato de Valter Pagliosa não ter colocado no currículo a atuação no filme. Filme que, aliás, nem é pornô.

Pecado por pecado, Pagliosa pecou mais por não ter costas quentes. E se ele fosse filho de político influente, como ficaria? Aí já é história para um novo versículo.