"Há dez anos não se falava em saúde no país." A constatação do presidente da CNS, José Carlos Abrahão, é de que o desenvolvimento do mercado privado de saúde, com a abertura de capital das operadoras de planos de saúde, colocou o segmento nos holofotes da imprensa, mas desta vez, além dos temas assistenciais. As falhas no Sistema Único de Saúde (SUS) não perderam o destaque. Mas agora, a área de saúde ganha destaque como um importante braço econômico do país.
O Brasil investe o suficiente em saúde?
O Brasil tem 8% do PIB aplicado na saúde. Há seis anos, não aplicávamos 6%, considerando setor público e privado. Neste ano devemos chegar em 8,5%.
A questão é que esses dois pontos percentuais se devem ao aumento de gastos privados na saúde.
Os investimentos do governo não acompanham a demanda.
E este é o problema. Sabemos que a saúde não tem preço, mas como diz autor francês, tem custo.
Mesmo assim, há motivos para comemorar?
O Brasil tem um modelo que é desejado pela sociedade em todo mundo. O SUS é uma conquista da sociedade brasileira e é irreversível. Precisamos melhorálo, mas sabemos que nenhum cidadão deixará de ser atendido.
É o sistema mais avançado dos Brics (principais emergentes), por exemplo. Somos referência no tratamento de Aids, em imunizações, somos o segundo em número de transplantes do mundo. Na Europa, os países investem entre 9% e 11% do PIB em saúde. Nos EUA, cerca de 18% do PIB é aplicado na área. Eles têm o PIB brasileiro aplicado na saúde, e mesmo assim, 45 milhões de pessoas não têm nenhum tipo de assistência. Até 2020, terão mais de 20% do PIB comprometidos com a saúde.
E sem resolver o problema.
Qual a saída para aumentar os investimentos e resolver os nossos problemas na saúde?
Hoje trabalhamos com um sistema misto, onde o conceito de saúde pública e privada está bem definido. Mas os recursos são tímidos, tanto para o público, quando para o privado.
Uma das soluções é convergir para o modelo de PPP [parceria público-privada], como vem acontecendo em todo mundo.
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