ANS decide engavetar cerca de 10 mil queixas e consultas de consumidores sobre planos de saúde. Em 2008, auditoria do TCU já tinha verificado que o sistema de atendimento ia mal
Ana D Angelo no Correio Braziliense
A razão de existir da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é a proteção e defesa do cliente de plano de saúde. O órgão encarregado de regular e fiscalizar o setor estampa em sua página na internet que o consumidor é o protagonista de suas ações. Mas a prática revela que os usuários não passam de meros figurantes.
No início do mês, a Diretoria de Fiscalização, responsável pelo atendimento às reclamações, mandou engavetar, por meio de memorando interno, todas as queixas e consultas acumuladas desde março sem resposta - em torno de 10 mil. Quem quiser que reapresente a queixa, "fornecendo o maior número de informações possíveis sobre o caso relatado".
A justificativa da agência é que o sistema de cadastro das demandas do "Fale com a ANS" passou por processo de mudanças e que, por isso, não foi possível respondê-las. Mas não é de hoje que a ANSatende mal ao usuário. Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) realizada no órgão entre 2008 e abril de 2009 já havia detectado que o serviço destinado ao consumidor não funcionava bem.
Colapso e morte
Em março deste ano, a ANS chegou a avisar na internet que "o tempo de resposta das demandas" encontrava-se "um pouco maior que o usual", ressaltando que o atendimento ao consumidor permanecia "em plena atividade pelo Disque-ANS (0800 701 9656)". Na realidade, o Disque-ANS estava entrando em colapso.
DESABAFO
"Sabemos que as agências reguladoras não funcionam, não cumprem o objetivo de sua existência. Quando tratamos de telefonia ou de energia elétrica, nos conformamos com o mau atendimento. Porém, quando falamos de saúde, é absurdo e sem sentido a agência trabalhar com os prazos atuais e achar justificativas para isso", desabafou o empresário José Boelle.
Ivone Ribeiro constatou que o Sistema Único de Saúde é mais rápido que a ANS. Ela protocolou reclamação à agência em 5 de maio por causa da negativa de seu plano de cobrir uma cirurgia. Sem resposta da autarquia e do plano, recorreu ao SUS para fazer a cirurgia. "O SUS me atendeu mais rápido", relatou.
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Mercado dita novas leis
O consumidor está desamparado. A Subcomissão de Saúde Suplementar da Câmara dos Deputados, criada para estabelecer um código regulatório dos planos de saúde, recorreu à orientação da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que reúne as empresas do setor.
A entidade fez um roteiro dos pontos que devem ser abordados, informou O Globo ontem.
O relator da subcomissão, deputado Henrique Mandetta (DEM-ES), dirigiu a Unimed em seu estado. (NOTA DO BLOG: e o presidente da comissão, deputado André Zacharow PMDB-PR recebeu doação da UNIMED na sua campanha)
A Abramge fez um levantamento de todos os projetos que tramitam no Congresso envolvendo o assunto e fez uma lista de todas as mudanças na legislação que precisam ser feitas. Definiu, inclusive, como deve ser a atuação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
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