Do Terra de Direitos via sítio do MST
Eduardo Anghinoni morreu por um engano, já que era seu irmão, Celso, quem recebia as ameaças de morte. Mas o tiro disparado naquela noite de 1999 tinha alvo certo: a luta encabeçada pelo MST. O que separou o plano do fato foi uma lâmpada queimada na sala, que impediu o pistoleiro de diferenciar quem era quem no meio do assentamento de Querência do Norte.
A região noroeste do Estado se transformou em um palco de conflitos sangrentos porque concentrava uma grande parte das terras subutilizadas do Paraná, onde ao invés de pasto deveria haver produção agrícola, que gera renda, mantém famílias no campo e abastece a mesa de milhares de pessoas do campo e da cidade.
A intensa atuação do MST no Paraná na década de 90 mexeu com os interesses de muitas elites do estado, que queriam barrar a luta pela reforma agrária. Para isso, arquitetaram um forte aparato repressor, a partir da união entre fazendeiros, empresas de segurança, políticos locais com a permissividade do governo Jaime Lerner e a omissão do estado frente a má distribuição de terras. A responsabilidade pela morte de Anghinoni é de muitos, mas é preciso identificar e responsabilizar pistoleiros, mandantes e patrocinadores para revelar este esquema ilegal que se opõe a atuação dos movimentos sociais no campo.
Muitos perguntam por que julgar um crime que já aconteceu há tanto tempo. Mas é preciso refletir que a cultura de violência no Brasil só estará perto do fim quando os culpados forem devidamente julgados e punidos. O silêncio frente a casos como este é o que empobrece a nossa democracia. Defender livremente os direitos humanos é poder contar uma história diferente, de luta, liberdade e justiça.
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