Páginas

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Para um sistema de saúde universal e igualitário


 
12/7/2011 - O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, defendeu que a política de desenvolvimento do Brasil tenha diálogo com a de ciência, tecnologia e inovação em saúde como forma de melhorar o déficit comercial do setor e garantir que o sistema atenda de forma universal e igualitária a população brasileira. O alerta foi feito por ele durante a mesa-redonda “O SUS de Todos Nós – Acesso e Qualidade dos Serviços de Saúde”, realizada na manhã desta terça-feira, dia 12.

O evento, que integra a programação da 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), também contou com a participação dos secretários de Saúde do governo de Goiás, Antônio Faleiros, e da prefeitura de Goiânia, Elias Rassi Neto. A Reunião acontece até sexta-feira, dia 15 de julho, na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia.

Gadelha foi o primeiro a se apresentar. Segundo ele, a saúde responde por 25% do esforço de pesquisa, desenvolvimento e inovação no mundo, mas apenas 3% desse esforço é feito em países de baixa e média renda. “Quem não tem acesso ao conhecimento, capacidade tecnológica, fica subordinado”, afirmou.

O executivo do Ministério da Saúde destacou que houve avanços importantes em relação ao acesso, por causa do Sistema único de Saúde (SUS), mas o déficit comercial do setor é da ordem de US$ 10 bilhões. “Quando ampliamos o acesso e consolidamos o SUS, houve uma explosão do déficit comercial e um aumento da dependência tecnológica”, acrescentou.

Ele defendeu que a política de ciência, tecnologia e inovação em saúde dialogue com a política de desenvolvimento social do País. “Esse diálogo não é acessório, ou a gente o faz ou não vai garantir sistema de saúde universal e equânime. Ficaremos de joelho”, alertou. Gadelha lembrou que 25% das publicações científicas indexadas do Brasil ocorrem no campo da saúde. “Mas não estamos conseguindo transformar conhecimento em riqueza”, completou.

Para o secretário do ministério, o Brasil deve investir em ciência e tecnologia em saúde para desenvolver produtos e serviços que barateiem e permitam o acesso para a população. Ele apontou a oportunidade nacional em medicamentos fitoterápicos, aproveitando-se da rica biodiversidade. E identificou como áreas críticas e nas quais o País deve direcionar seus esforços em pesquisa e desenvolvimento a biotecnologia, a química fina, aplicação em informática, como a telemedicina, nanotecnologia, novos materiais, e estudos sobre células tronco.

Gadelha concluiu sua apresentação dizendo que o desenvolvimento tecnológico é tema central na agenda do projeto de construção e ampliação do acesso à saúde pela população. Como ações do ministério, citou a promoção da interação do setor privado com a rede de laboratórios públicos. Segundo ele, a pauta da inovação, nessas parcerias, é o desenvolvimento de equipamentos e medicamentos usados pelo SUS. “Não é pauta da competitividade, mas do acesso”, esclareceu. Também contou que o ministério lançará em agosto a Plataforma Brasil, por meio da qual a sociedade poderá conhecer o estágio das pesquisas feitas no Pais que envolvem testes clínicos.

Após Gadelha, foi a vez do secretário Estadual da Saúde, Antonio Faleiros, fazer sua apresentação. Ele explicou que é insuficiente a oferta de serviços de saúde para a população e defendeu a interiorização do atendimento. Segundo ele, 24 municípios de Goiás não têm um único médico e várias cidades não têm um número adequado de médicos em relação ao número de habitantes.

Outro ponto crítico para sua administração é a região do entorno do Distrito Federal, que não é de competência única do Estado goiano. “Precisamos fazer uma grande parceria entre [os governos de] Goiás e Distrito Federal ou será impensável resolver os problemas de saúde da população no entorno do DF”, afirmou.

O secretário municipal da Saúde, Elias Rassi Neto, contou que Goiânia é um dos principais polos de atendimento para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Há crises recorrentes no sistema municipal de saúde e carência de oferta de serviços emergenciais e de terapias intensivas.


Em pesquisa feita com a população de Goiânia, 13,4% das pessoas atendidas não tiveram problema solucionado ou encaminhado, de acordo com Rassi Neto. Como são 300 mil atendimentos médicos por mês, cerca de 40 mil pessoas que procuraram serviço de saúde na cidade não tiveram solução ou encaminhamento para seu problema. “Não tivemos grandes investimentos em Goiânia em serviços de saúde nos últimos anos. Os que ocorrem são os feitos pela secretaria municipal”, disse, reforçando que a parceria com Estado e União seja maior para resolver os problemas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário