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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Falta de médicos é problema comum a municípios da fronteira, admite representante do Itamaraty

Marcos Magalhães / Agência Senado


A falta de médicos é um problema comum aos municípios localizados na faixa de fronteira. O diagnóstico foi apresentado nesta terça-feira (23) pelo diretor do Departamento da América do Sul-I do Ministério das Relações Exteriores, João Luiz Pereira Pinto, durante audiência pública sobre o tema promovida pela Subcomissão Permanente da Amazônia e da Faixa de Fronteira, ligada à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Na audiência, que integra um ciclo de debates a respeito do "Desenvolvimento econômico e social na faixa de fronteira", o diplomata revelou que, para contornar o problema da falta de profissionais de saúde, alguns municípios estão recorrendo à "criatividade brasileira". Ele citou o caso do município de Jaguarão (RS), que, por não poder contratar diretamente estrangeiros, celebrou um convênio com a Santa Casa local, que, por sua vez, contratou médicos uruguaios para atender à população brasileira.

- A ausência de médicos nas fronteiras daqui a pouco vai virar uma crise - alertou Pereira Pinto, após admitir que ainda existe "muita descoordenação" dentro do Poder Executivo a respeito de ações nas áreas fronteiriças.

O governo já realizou um diagnóstico da situação de saúde em 121 municípios incluídos nas faixas de fronteira, segundo informou na reunião o coordenador geral de Urgência e Emergência da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Paulo de Tarso. E uma das principais conclusões foi a presença de profissionais de saúde de países vizinhos trabalhando no Brasil de forma ilegal. Ele também revelou existirem "problemas graves" de cooperação em ações de combate à malária e ao dengue. Mas elogiou a qualidade e a abrangência do Sistema Único de Saúde (SUS).

- Nosso sistema de saúde é universal e prevê a garantia de atendimento a todo ser vivo, independentemente de ser ou não brasileiro. Precisamos discutir juntos como podemos construir um bom atendimento para os brasileiros e os vizinhos - disse Tarso.O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), presidente da subcomissão, disse que o Brasil tem mais médicos do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Esses médicos, porém, estão principalmente nas grandes cidades e longe das áreas de fronteira. Por sua vez, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) informou que cinco, dos seis médicos que trabalhavam em Costa Marques (RO), na fronteira com a Bolívia, foram demitidos por serem bolivianos e não contarem com o registro profissional no Brasil.

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