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terça-feira, 23 de agosto de 2011

"Revolucionários árabes" participarão do Fórum Social da Mesopotâmia, na Turquia

Segunda edição do encontro acontece entre 21 e 25 de setembro na cidade turca de Diyarbakir, no sudeste do país. Depoimento dos "revolucionários árabes" de Tunísia e Egito é aguardado com expectativa pelos organizadores, diante das dúvidas sobre os rumos tomados pelos novos governos formados nesses países.

Marcel Gomes na Carta Maior

SÃO PAULO - Delegações de países que recém derrubaram governos ditatoriais, como Tunísia e Egito, participarão da segunda edição do Fórum Social da Mesopotâmia, que acontece entre 21 e 25 de setembro na cidade de Diyarbakir, no sudeste da Turquia. O depoimento dos "revolucionários árabes" é aguardado com expectativa pelos organizadores, diante das dúvidas sobre os rumos tomados pelos novos governos formados nesses países.

Na última reunião do Conselho Internacional (CI) do Fórum Social Mundial, realizada em maio, em Paris, ativistas tunisianos e egípcios apontaram que o antigo regime poderia ser substituído por governos que, apesar de eleitos democraticamente, teriam forte viés islâmico conservador. Isso, em tese, contrariaria a ânsia por mais liberdade dos revoltosos, uma vez que a extensão dos direitos à população poderia concorrer com códigos religiosos relacionados à vestimenta e ao comportamento sexual.

"As pessoas esperam que Egito e Tunísia sigam o modelo turco, com o Estado laico, mas o modelo paquistanês, que mistura governo e religião, ainda não foi completamente descartado", disse um ativista egípcio durante a reunião do CI, ao ressaltar o papel que a Irmandade Mulçumana teve em seu país na derrubada do ditador Hosni Mubarak (nessa mesma reunião, outros ativistas reforçaram a importância de se dialogar com franqueza com representantes do islamismo mais conservador, livrando-se do preconceito tão arraigado à visão dos ocidentais sobre essa religião).


"O fórum é o melhor espaço para esse debate", afirma Erdal Ralsah, membro do comitê organizador do Fórum da Mesopotâmia. Questionado pela Carta Maior sobre os rumos tomados por Egito e Tunísia, o ativista disse que preferia esperar o evento começar. "O ideal é você perguntar diretamente a eles, já que a conjuntura é complexa e tem se alterado rapidamente", aponta.

Segundo Ralsah, o fórum também discutirá o confito entre palestinos e israelences, que ameaça recrudescer. "Há duas semanas estive com colegas em Beirute, no Líbano, e foi muito importante para nós, porque começamos a entender melhor o mundo e a própria Turquia a partir do que ocorre no Oriente Médio", disse o ativista, que também aguarda uma delegação palestina para o encontro.

Outro tema de destaque no Fórum Social da Mesopotâmia será a situação dos curdos, um povo espalhado por diversos países da região que reivindica mais autonomia política. Diyarbakir, cidade turca onde acontecerá o fórum, possui maioria curda e é chamada por esse povo de Amed.

O grupo que organiza o Fórum da Mesopotâmia foi formado em 2008 por 250 representantes de ONGs, sindicatos e governos municipais. O encontro de setembro receberá ativistas da Europa e da América Latina. Membros do CI também comparecerão, com o objetivo de aprofundar o debate sobre a organização do próximo encontro centralizado do Fórum Social Mundial, em 2013, na Tunísia ou no Egito. Essa decisão foi encaminhada na reunião do CI de Paris. 

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